Recebida por lideranças da Câmara Árabe, Mai Taha Khalil, disse que as relações Brasil-Egito se desenvolvem bem no campo político, mas precisam avançar em comércio e investimentos. Para diplomata, comércio Brasil-Egito pode ir além
As relações entre o Brasil e o Egito estão se desenvolvendo muito bem no campo político, mas o investimento e o comércio entre os dois países têm potencial para avançar. A opinião é da diplomata Mai Taha Khalil, que em novembro completou um ano como embaixadora do Egito no Brasil e cumpre agenda na capital paulista nesta semana justamente para dar impulso às relações comerciais entre os países.
“Espero que as relações se desenvolvam mais na área dos investimentos e do comércio”, disse a embaixadora à ANBA em visita à Câmara de Comércio Árabe Brasileira, onde ela foi recebida por lideranças da entidade e teve um encontro com as diretoras do comitê feminino Wahi e associadas mulheres da entidade. Neste ano, de janeiro até outubro, as exportações do Brasil ao Egito somaram US$ 3,1 bilhões e as importações brasileiras de produtos egípcios ficaram em US$ 811 milhões.
A embaixadora vê muitas possibilidades para o comércio e o investimento entre o Brasil e o Egito. “Eu vejo muito potencial, muitas oportunidades, mas precisamos fazer mais”, afirma. Ela acredita que um voo direto entre o Brasil e o Egito pode favorecer esse movimento. “A distância é grande, mas com o voo direto, ficará menor. Vai encorajar mais empresários do Brasil a irem para o Egito e do Egito a virem para o Brasil”, afirmou.
Existem tratativas para que um voo direto entre o Cairo e São Paulo volte a ser disponibilizado pela companhia egípcia Egypt Air, assunto que foi tema, inclusive, em reuniões de altas autoridades do Brasil e Egito. Mai Taha Khalil tem expectativa de que o voo volte no próximo ano. Ela acredita que a existência da linha incentivará não apenas os negócios, mas também a aproximação em áreas como a cultura e o turismo.
Nas reuniões na Câmara Árabe, das quais a embaixadora participou acompanhada da cônsul-comercial do Egito em São Paulo, Nashwa Bakr, foram abordados muitos temas da pauta comercial e alinhavadas ações conjuntas ou de apoio entre a embaixada e a Câmara Árabe. A embaixadora quer aproveitar o bom momento da aproximação política bilateral para dar um novo impulso também ao comércio e aos investimentos.
Autoridades do Brasil e Egito têm tido encontros frequentes. Entre os mais recentes, o presidente egípcio Abdel Fattah El-Sisi participou da cúpula do G20, no Rio de Janeiro, em novembro, como convidado pelo Brasil, e teve encontro com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta segunda-feira, o chanceler do Brasil, Mauro Vieira, teve reunião com o chanceler do Egito, Badr Abdelatty, paralelamente à Conferência Ministerial do Cairo para Aprimorar a Resposta Humanitária em Gaza.
Na reunião na Câmara Árabe, as lideranças da instituição e a embaixadora avaliaram a atual pauta comercial Brasil-Egito. Apesar do consenso sobre a necessidade de avanço, a diretora de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, apresentou o crescimento já obtido. Em 2023, o Egito era o quarto maior destino de produtos brasileiros no mundo árabe e o sétimo fornecedor árabe ao Brasil. Neste ano até outubro, o Egito passou a segundo maior destino e quinto principal fornecedor.
O secretário-geral e vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Mohamad Mourad, destacou o crescimento obtido no comércio Brasil-Egito em 2024 e a importância que o país vem ganhando na balança comercial Brasil-Países Árabes. O presidente da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, afirmou que um dos fatores desse crescimento é o acordo de livre comércio entre o Egito e o Mercosul. Na abertura da reunião, inclusive, Chohfi lembrou da presença das laranjas egípcias no Brasil. Os cítricos estão entre os produtos egípcios que passaram a ser conhecidos pelo consumidor brasileiro após o acordo.
Reunião feminina
No encontro com as representantes do Wahi e com executivas e empresárias brasileiras, a pauta girou principalmente sobre a necessidade de aproximação entre as mulheres de negócios do Brasil e Egito. Também foi apresentado o conceito do Wahi e lançadas ideias para fazer a cooperação feminina crescer. Alessandra Frisso, presidente do comitê e diretora na Câmara Árabe, disse que as mulheres estão presentes no comércio internacional, mas é preciso que isso cresça e é necessário dar visibilidade a elas.
Pelo comitê, além de Frisso, participaram as diretoras Claudia Yazigi Haddad e Silvia Antibas. Yazigi também é diretora da Câmara Árabe e Antibas é vice-presidente de Comunicação e Marketing da instituição. Também fizeram parte da reunião Baltazar e a analista de Relações Institucionais, Elaine Prates. Participaram ainda Paula Chaccur, da CGM Advogados, Renata Serapião, também da CGM Advogados, Vera Suplicy, da Suplicy Trading, Karina Lengler, da Lengler Lawyers, e Diva Nascimento, da SGS. Elas apresentaram seus negócios para a embaixadora e a cônsul.
Na reunião da embaixadora com os líderes da Câmara Árabe, além de Chohfi e Mourad, estiveram presentes o vice-presidente Administrativo, Daniel Hannun, o vice-presidente de Comércio Exterior, William Adib Dib Júnior, e o diretor tesoureiro, Nahid Chicani, além de Antibas, Yazigi e Frisso, e membros do staff da instituição, como o assessor de Relações Institucionais, Bassel Abou Latif, e a coordenadora de Serviços Corporativos e Institucionais, Ana Cristina Oliveira. Em São Paulo, a embaixadora terá encontros com representantes dos setores público e privado até a quarta-feira (4), em agenda apoiada pela Câmara Árabe.
Mai Taha Khalil
A embaixadora Mai Taha Khalil é formada em Ciências Políticas pela Faculdade de Economia e Ciências Políticas da Universidade do Cairo e em Estudos Diplomáticos pelo Instituto de Estudos Diplomáticos Egípcios. Antes de ingressar no Ministério das Relações Exteriores do Egito, Khalil foi jornalista na Al-Ahram Aliktisadi, a principal revista econômica do Egito. Atualmente, além de responder pelo Brasil desde Brasília, ela é embaixadora não residente do Egito para a Guiana e o Suriname.
Na diplomacia, a experiência de Khalil é vasta. Ela atuou no Chipre, Uganda, Japão e Nações Unidas. Também ocupou cargos no Ministério das Relações Exteriores no Egito, entre eles de diretora do Departamento de Assuntos da Palestina, quando foi nomeada coordenadora nacional da assistência humanitária a Gaza. A embaixadora liderou as delegações do Egito em vários fóruns internacionais e regionais nas áreas de manutenção da paz e direitos humanos, em particular os direitos das mulheres, e foi a primeira mulher a presidir uma reunião na Organização da Cooperação Islâmica.
Link: Para diplomata, comércio Brasil-Egito pode ir além
Fonte: Isaura Daniel/ANBA