“A chave para mim e para o futuro relacionamento bilateral é que os presidentes concordaram em Cooperar em vez de Competir, dando assim o tom para uma revitalização verdadeiramente dinâmica das relações entre nossos países”, discursou Ntsiki Mashimbye referindo-s à Matamela Cyril Ramaphosa e Jair Bolsonaro. O embaixador lembrou o bom relacionamento dos dois presidentes que realizaram reuniões “positivas” em 2019 e conversaram, por telefone, no início deste ano. “Isto resultou no fortalecimento da cooperação em segurança e inteligência”, afirmou. O almoço foi oferecido pelo Embaixador Kenneth da Nóbrega, Secretário para Negociações Bilaterais no Oriente Médio, Europa e África.
Segundo Mashimbye, um dos desafios do relacionamento bilateral é que, apesar das excelentes relações políticas entre nossos dois países, a cooperação econômica bilateral é relativamente baixa. “Acredito que isso se deva principalmente ao fato de as pessoas de ambos os países não se conhecerem o suficiente para fazer negócios”, discursou. A seu ver, os recentes lançamentos da Câmara de Comércio Brasil-África do Sul em Pretória e do Fórum Brasil-África do Sul de Comércio e Indústria em Belo Horizonte ilustram o interesse do setor privado, nos dois países, em aprofundar a cooperação e devem receber todo o apoio de ambos os governos.
Na opinião do embaixador Mashimbye, o setor de energia e, em particular, as energias renováveis e os biocombustíveis têm o potencial de elevar nosso relacionamento a novos patamares. “A cooperação entre a África do Sul e o Brasil na Grande Barragem de Inga, na RDC, é outra área que ainda não foi explorada. A Grande Barragem de Inga foi um projeto no qual estive profundamente envolvido durante meu mandato em Kinshasa e é um projeto que foi designado como um dos projetos prioritários sob a Presidência da África do Sul da União Africana em 2020. Na próxima semana, me reunirei com a liderança da Itaipu Binacional para levar adiante essas discussões”, anunciou o diplomata.
Mashimbye lembrou que o Governo da África do Sul colocou o desenvolvimento de infraestrutura, e em particular, um programa de investimento em infraestrutura de R2.3 trilhões, estimulando a economia daquele país que, a seu ver, precisa para alcançar uma recuperação sustentável. O diplomata afirmou, em seu discurso, esperar as empresas brasileiras sejam incentivadas a participarem dessa campanha de investimentos na África do Sul.
Turismo – O embaixador Mashimbye lembrou, ainda, que o turismo é uma área que experimentava altos níveis de crescimento antes da pandemia. “Em 2019, vimos um aumento ano-a-ano de 9,5% nas chegadas do Brasil, com crescimento em uma trajetória ascendente desde 2016. Esperamos retornar a taxas de crescimento ainda maiores agora que as fronteiras da África do Sul foram abertas a todos os viajantes internacionais como de 12 de novembro de 2020”, discursou ressaltando ter ficado “maravilhado” com a beleza e as maravilhas do Brasil.
O diplomata sul-africano disse ter visitado mais de 30 cidades brasileiras, porém a Bahia, e em particular Salvador e Trancoso continuem sendo dois dos seus lugares favoritos aqui no país. Recentemente ele visitou à Amazônia com o Vice- Presidente Mourão.
O embaixador Mashimbye assume “feliz” um novo cargo no Cairo, Egito. No entanto, garantiu que “vai sentir falta do calor, da hospitalidade e do amor genuíno pela vida do povo brasileiro”. Ele também anunciou seu sucessor, o embaixador Vusi Mavimbela. “É o diplomata mais graduado que a África do Sul enviou ao Brasil até agora. É um autor, escritor e poeta talentoso e prolífico, foi conselheiro do ex-presidente Thabo Mbeki e também dirigiu o agência de inteligência”, ressaltou.