O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, acredita que a China viverá um ano de maior crescimento de sua economia e que há possibilidade do aumento de investimentos chineses no Brasil. Hoje, o estoque de investimentos supera os US$ 70 bilhões, segundo dados apresentados pelo embaixador em entrevista exclusiva à Xinhua.
Yang adiantou que nesta quinta-feira uma reunião entre empresas chinesas, o ministro da Infraestrutura brasileiro, Tarcísio Freitas, e o ministro da Secretaria do Governo do Brasil, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, deverá indicar projetos e iniciativas voltadas à captação de investimentos no Brasil, que podem ser oportunidades para ambos os países.
No Rio de Janeiro para participar de uma série de encontros, entre os quais um seminário para discutir sinergias entre a Iniciativa do Cinturão e Rota e o Rio de Janeiro, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), principal think tank da América Latina, e de um diálogo com empresários, acadêmicos, diplomatas e integrantes do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), outro think tank, o embaixador disse ainda que é preciso intensificar o conhecimento mútuo entre os dois países. Para tanto, ele aposta no intercâmbio crescente entre acadêmicos, diplomatas, parlamentares, cientistas, entre outros atores da sociedade civil.
Quando se refere à presença do Brasil na China, Yang aposta na cada vez mais vigorosa classe média chinesa como chamariz para a diversificação de negócios e projetos brasileiros na China. Neste sentido, ele destaca a Exposição Internacional de Importação da China como uma porta de entrada. Em novembro deste ano, ocorrerá a segunda edição do evento, que em 2018 teve o Brasil como um dos países convidados de honra. Na ocasião, os brasileiros assinaram acordos avaliados em US$ 1 bilhão. “Já temos boas perspectivas para este ano, e a presença brasileira deverá ser expressiva”, afirmou o embaixador. As empresas e entidades brasileiras têm até maio para efetivarem a inscrição na feira.
Yang ressaltou o papel da China no mundo, de promotor do multilateralismo e protetor de regras internacionais, incluindo a de organismos como a Organização Mundial do Comércio (OMC). As trocas comerciais entre Brasil e China, aliás, superaram em 2018 a barreira dos US$ 100 bilhões. Para que novos negócios sejam possíveis, bem como investimentos, um caminho de ampliação, acredita o diplomata, é se utilizar dos mecanismos financeiros já existentes. Hoje, os cinco principais bancos da China têm presença no Brasil, seja com sede ou escritório de representação.
O embaixador, que está desde dezembro à frente da missão diplomática no Brasil, destacou ainda as relações estáveis com o governo brasileiro. Segundos as notícias de imprensa, as principais autoridades do Executivo, tanto o vice-presidente, Hamilton Mourão, quanto o presidente, Jair Bolsonaro, devem visitar a China ainda neste ano.
Para o cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, Li Yang, o BRICS é um mecanismo importante que mostra o alinhamento de países em desenvolvimento para aprimorar a governança global. No início do segundo semestre, os chanceleres dos cinco países que compõem o bloco – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – devem se encontrar no Rio de Janeiro. Para Li, é mais uma oportunidade de estas nações, em conjunto, mostrarem que podem assumir um papel positivo em um contexto de transformações globais.