Diversas organizações já receberam cestas básicas para repassar às pessoas mais vulneráveis. Cufa, uma das entidades a participar do projeto, entregou 60 unidades no Sol Nascente
Desde meados de abril, a Embaixada da Espanha no Brasil arrecada alimentos para pessoas de baixa renda. Até agora, 250 cestas básicas foram doadas pelos funcionários da embaixada, e 32 mil latas de sardinha, por empresários espanhóis que atuam no Brasil. A distribuição está sendo feita em nível local, em cooperação com organizações da sociedade civil e em parceria com os governos federais, do Distrito Federal e de Goiás.
“Uma das coisas mais interessantes na sociedade brasileira, assim como na espanhola, é a solidariedade. Desde o início da pandemia, fiquei muito impressionado com todos os esforços, privados ou públicos. Isso é muito importante, é uma força para o futuro. O que nós queremos, muito modestamente, é fazer parte desse esforço de solidariedade”, explica o embaixador da Espanha no Brasil, Fernando García Casas.
Ele conta que a ideia de ajudar pessoas de baixa renda com doações veio após ler uma reportagem do Correio sobre a Central Única das Favelas (Cufa), organização de atuação nacional para promover atividades de integração e inclusão social. “Depois de ler a reportagem, ligamos para o representante da Cufa em Brasília e entregamos doações de funcionários da embaixada. Ligamos também para empresários espanhóis que poderiam ajudar com doações”, diz.
De acordo com o presidente da Cufa em Brasília, Bruno Kesseler, a embaixada espanhola ajudou a organização com 60 cestas básicas, que foram distribuídas na região do Sol Nascente, a segunda maior favela do Brasil. “Quando buscamos as doações, discutimos com a embaixada possíveis parcerias para depois da pandemia”, adianta Kesseler. Cada cesta ajuda uma família de quatro a cinco pessoas por até quatro semanas.
O padre Américo Coam, da Paróquia Sagrada Família do Park Way, recebeu as doações da embaixada na quinta-feira e vai repassar para a Ordem dos Vicentinos, conhecida mundialmente por sua obra de caridade. “É uma expressão de solidariedade para as pessoas que mais necessitam do pão de cada dia”, destaca o religioso. As doações também foram entregues a conhecidos de funcionários da embaixada. O jardineiro João Paulo Pereira, por exemplo, ajudou as arrecadações a chegarem a pessoas que estão desempregadas no seu bairro. “Ofereci as doações para o pessoal que está há muito tempo sem emprego. Desde o coronavírus, muita gente está sem trabalho, muito pai de família e mãe solteira”, salienta Pereira.
Até agora, além da Cufa e da paróquia, as doações foram entregues para as organizações Sesc Mesa Brasil — Rede Nacional de Bancos de Alimentos —, Instituto Lar dos Velhinhos Maria de Madalena, Comunidade Cigana Nova Canaã, Vila do Pequenino Jesus e Instituto Social de Educação e Cultura Santo Aníbal Maria, no DF, e para a Organização das Voluntárias, de Goiás.
Cooperação – O embaixador espanhol afirma que a crise causada pelo coronavírus está sendo um desafio grande para a sociedade espanhola e da Europa de um modo geral. Fernando García diz, ainda, ser preciso cooperação entre os países para combater a pandemia.
“O Brasil e a Espanha têm povos muito calorosos, somos todos latinos, gostamos de conviver, mas teremos que reaprender com o coronavírus. Nas organizações internacionais, nossos países têm um relacionamento muito intenso. É importante dizer que estamos compartilhando com o governo do Brasil todas as medidas de combate à pandemia seguidas pelo governo espanhol, como isolamento social, hospitais de campanha, tudo isso é compartilhado”, revela