Glivânia Maria de Oliveira será a nova chefe de missão do Brasil no país
A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou nesta terça-feira (12) a indicação da diplomata Glivânia Maria de Oliveira para a embaixada do Brasil na Venezuela. Ela recebeu 17 votos favoráveis e 1 contrário. Relatada pelo senador Chico Rodrigues (PSB-RR), a indicação (MSF 86/2023) segue para votação no Plenário do Senado. A decisão dos senadores sobre a nova embaixada ocorre ao mesmo tempo em que a Venezuela tenta incorporar o território de Essequibo, uma área de cerca de 160 mil Km² que hoje pertence à Guiana. Na mesma reunião, senadores aprovaram também a indicação de Maria Cristina de Castro Martins para o cargo de embaixadora na Guiana (MSF 76/2023).
— Nós entendemos que se hoje tivéssemos um embaixador lá essas negociações estariam avançadas. A senhora tem uma missão gigantesca — disse o senador Chico Rodrigues (PSB-RR), relator da indicação. Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2020, o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Venezuela, e fechou o escritório de representação em Caracas. Lula retomou relações com o país assim que assumiu.
A indicada afirmou que vê a situação com preocupação, mas que está atenta a uma reunião entre os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, para discutir a disputa territorial na próxima quinta-feira (14) e que a preservação da paz na região está sempre no alto das prioridades do Brasil. A Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a Caricom (Comunidade do Caribe) vão mediar a reunião entre os dois líderes que ocorrerá em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe.
— Precisamos construir pontes. […] Dia 14 está previsto esse encontro e esse fato é muito importante. Nós vimos um cenário que tem momentos de maior tensão, de busca de caminhos. Eu considero que estamos todos muito atentos ao que se desenrolará em São Vicente e Granadinas. Não tenho dúvidas de que os esforços brasileiros em busca da interlocução e da preservação da paz na região estarão no mais alto das nossas prioridades. É muito positivo que se busque caminhar pela Celac – disse a diplomata Glivânia Maria de Oliveira.
Durante a reunião, Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que as indicadas para Venezuela e Guiana estão “no olho do furacão”. Já Tereza Cristina (PP-MS) disse esperar que a diplomacia consiga resolver o imbróglio: “Desejo muita sorte e muito sucesso às duas embaixadoras. Espero que o bom senso, o diálogo e a diplomacia possam funcionar nesse momento”, disse a senadora.
Relações – O comércio bilateral é significativamente superavitário para o Brasil. A corrente de comércio esteve em queda a partir de 2013, ano em que alcançou seu ápice, até 2019. Desde 2020, o intercâmbio voltou a crescer, impulsionado principalmente pela exportação de produtos agrícolas provenientes do Amazonas e de Roraima. As sanções econômicas ainda existentes dificultam maior intensificação desses fluxos, quatro vezes inferiores aos patamares históricos de 2013.
Há elevado número de migrantes e refugiados venezuelanos, representando a maior crise de deslocamento humano da história do continente sul americano. Com as significativas entradas de venezuelanos no Brasil, especialmente desde o ano de 2016, já existem pelo menos 500 mil venezuelanos no território brasileiro. Rodrigues considera que a retomada dos vínculos facilita a possibilidade de providenciar o pagamento da dívida venezuelana, derivada de operações de financiamento das exportações de empresas de engenharia brasileiras que realizaram obras naquele país.
“Tenho a felicidade de relatar a indicação de uma mulher diplomata para chefiar posto de grande sensibilidade política para o Brasil e, em especial, para meu querido estado de Roraima. É bem sabido que dificuldades internas na Venezuela têm acentuado pressões sobre a fronteira, sendo essencial contarmos com representação ativa e competente naquele país”, afirma o relator no parecer.
Perfil – Glivânia Maria de Oliveira tem bacharelado em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e mestrado em teoria política pela Escola de Economia e Ciência Política de Londres. Ocupa atualmente a função de diretora do Instituto Rio Branco, o centro de investigações, ensino e formação do Ministério das Relações Exteriores. No exterior, ela serviu nas embaixadas nas capitais polonesa Varsóvia, inglesa Londres e paraguaia Assunção, tendo chefiado o Consulado-Geral em Boston (EUA) e a Embaixada no Panamá.
Fonte: Agência Senado