O secretário-geral, António Guterres, descreveu 2020 como um “annus horribilis”, ou ano horrível, em latim, devido à pandemia da Covid-19, a emergência climática e outras ameaças globais.
Em discurso na Assembleia Geral, ele realçou várias oportunidades e pediu aos Estados-membros que transformem 2021 em um “annus possibilitatis”, um ano de possibilidades, oportunidade e esperança.
Prioridades – O secretário-geral destacou 10 prioridades, incluindo resposta à pandemia, recuperação da crise de saúde, combate às mudanças climáticas e a perda de biodiversidade. Guterres também mencionou pobreza e desigualdade, direitos humanos, igualdade de gênero e paz e segurança, lembrando o seu apelo por um cessar-fogo global, feito em março passado.
O chefe da ONU citou a ameaça das armas nucleares, a importância das tecnologias digitais e a necessidade de repor a governança global e fortalecer o multilateralismo.
Agenda 2030 – Segundo Guterres, a Agenda 2030 é o caminho para alcançar todos esses objetivos. Ele pediu um reinício da Década de Ação para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Sobre a resposta à pandemia, o secretário-geral repetiu a necessidade de ter uma distribuição global de vacinas.
Segundo ele, se o mundo deixar o vírus “se espalhar como um incêndio no Sul Global, ele inevitavelmente sofrerá mutações, tornando-se mais transmissível, mais mortal e, eventualmente, mais resistente às vacinas, pronto para voltar e perseguir o Norte Global.”
Sobre direitos humanos, Guterres destacou a luta pela justiça racial, dizendo que desigualdade nessa área “ainda permeia instituições, estruturas sociais e o cotidiano.” Segundo ele, todos devem se “levantar contra a onda de neonazismo e supremacia branca.” Ao mencionar igualdade de gênero, ele declarou que “a economia formal só funciona porque é subsidiada pelo trabalho não-remunerado das mulheres.”
Multilateralismo – Guterres pediu que a comunidade internacional retorne ao “bom senso” para evitar uma Grande Fratura que dividiria o mundo em dois. Segundo ele, o mundo não pode resolver seus maiores problemas quando as maiores potências estão em conflito. Ainda esta quinta-feira, o secretário-geral falará a jornalistas em Nova Iorque sobre as suas prioridades para esse ano.