Cerca de 5,5 milhões de guineanos começaram a votar, neste domingo (18), para escolher seu próximo presidente – a primeira de uma série de eleições na África Ocidental que os defensores da democracia acompanham com preocupação.
No colégio eleitoral Federico Mayor de Kalum, bairro de Conacri onde se concentram os centros de decisão guineanos, a votação começou meia hora antes do previsto.Em princípio, os centros de votação devem permanecer abertos até as 18h locais (15h em Brasília).
Esta eleição, a primeira de uma série de cinco disputas presidenciais em países da África Ocidental antes do fim do ano, acontece em um clima de tensão que suscita temores de confrontos, em especial com o anúncio dos resultados. Vários momentos de antagonismo político já levaram a derramamento de sangue na Guiné.
Doze candidatos e candidatas disputam a Presidência deste país de cerca de 12 milhões de habitantes, um dos mais pobres do mundo, apesar de seus imensos recursos naturais. O resultado deve ser disputado entre o atual presidente Alpha Condé, de 82 anos, que disputa um terceiro mandato, e seu tradicional oponente, Cellou Dalein Diallo, de 68 anos.
Os dois se enfrentaram em 2010, nas primeiras eleições consideradas democráticas após décadas de regimes autoritários, e depois em 2015. Condé venceu as duas vezes. Quarto presidente da Guiné independente (além dos dois presidentes interinos), Alpha Condé afirma ter endireitado um país que encontrou em ruínas e avançado nos direitos humanos. Entre suas promessas, está a de fazer do país “a segunda potência [econômica] africana depois da Nigéria”.
Diallo, por sua vez, propõe-se a “virar a página do pesadelo de dez anos de mentiras”, criticando a repressão policial, a corrupção, o desemprego entre os jovens e a pobreza. Ele defende que o presidente em final de mandato não pode continuar a governar, devido à sua idade.
Durante meses, a oposição se mobilizou contra a perspectiva de um terceiro mandato de Condé. O protesto foi duramente reprimido, e dezenas de civis foram mortos. O número de mandatos presidenciais está limitado a dois, mas, para Condé, a Constituição que ele conseguiu fazer adotar em março zerou o contador.Depois da Guiné, haverá eleições na Costa do Marfim, Burkina Faso, Gana e Níger.