Embaixadora Laura Esquivel promove festa típica e faz discurso memorável
A embaixada do México em Brasília, sediou, no dia 15, a comemoração dos 213 anos da Independência mexicana, com a tradicional “cerimônia do Grito”. O evento marca o rompimento mexicano com a coroa espanhola, num processo histórico que tomava conta de toda a América Latina. Em seu discurso, a embaixadora Laura Esquivel disse que todas as nações livres estão interligadas, assim “não podemos falar de independência num mundo onde a vida de alguém significa a vida de outro.
Durante sua fala, a diplomata afirmou que “depois de 213 anos, é pertinente repensar o processo de independência e onde seja possível a existência de uma comunidade política, livre e soberana, uma vez que está claro que todos estamos conectados e outra vez que a tomada de decisões tomadas a nível nacional sempre terão mais repercussões do que a fronteira de qualquer nação”.
A embaixadora disse ainda que, no contexto atual, repensar os processos de independência em um mundo globalizado requer aceitar as dúvidas sociais pendentes nas nossas nações, a exploração desmedida dos recursos naturais e a exclusão das minorias raciais. “Não podemos falar de independência num mundo onde a vida de alguém significa a vida de outro e onde a morte de alguém significa a morte deste mesmo”, completou a embaixadora.
Laura Esquivel prosseguiu seu discuros afirmando que “quem possui armas efetivamente tem controle sobre grandes setores da população, seja civil ou militar, mas quem controla os alimentos controla a vida de todos aqueles indivíduos que consomem produtos alimentícios. Em outras palavras, quem controla a semeadura, controla tudo o que vive ou morre em todo o planeta sem precisar lançar bombas.”
Na parte mais comovente de sua fala, Esquivel disse que “quando falamos do México, falamos de milho, da Colômbia, dos grãos de café, da Venezuela, do Rio Amazonas, da batata, da Costa Rica, das sementes do Chile, do Panamá, dos grãos de quinoa, do Peru, da folha de coca, da Bolívia, da folha de tabaco, de pimentão, de tomate, da Argentina, de abóbora, do Paraguai, de folha de mate, do Uruguai, da cordilheira dos Andes, de rum, de Cuba, do berço do mar do Caribe, do Haiti, do entardecer, de bosques, de pássaros, de Barbados, de batata doce, do Suriname, de cumbias, de Honduras, de ayahuasca, de tambores, da Nicarágua, de mel, de Salvador, de cupuaçu, do Brasil”, discursou.
A Secretária para América Latina e Caribe do Itamaraty, Gisela Padovan, falou durante a celebração sobre democracia e das relações entre Brasil e México. “As duas maiores economias, abrangendo também as maiores populações da América Latina, México e Brasil têm uma história muito parecida; são independências muito próximas, países grandes, vibrantes, multiculturais que compartilham muitos valores e interesses em comum”.
Padovan lembrou também sobre a responsabilidade na integração, citando o exemplo da CELAC onde o México toma muitas iniciativas e, agora que o Brasil voltou a integrá-lo, ambos os países pretendem trabalhar conjuntamente. “É na integração que nós vamos resolver vários desafios globais, como o ambiental, econômico, e também o da inclusão”.
A festa foi repleta de cultura e tradição mexicana, onde foram servidos pratos da cozinha tradicional do chef Aquiles Chávez, além de bebidas típicas, como: mezcal, horchata e limão. Os convidados puderam ainda contemplar a exposição fotográfica “AfroMexico” e assistir a um show da banda La Santa Cecilia.