Comex do Brasil
Levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que, para 60% dos diplomatas estrangeiros, a economia brasileira vai crescer em 2019. Uma parcela de 13% do corpo diplomático disse acreditar que o desempenho econômico do Brasil será pior no ano que vem. Outros 22% disseram não ter opinião, e 5% não responderam.
A CNI ouviu a opinião de 40 representações do corpo diplomático estrangeiro residente em Brasília entre setembro e outubro para entender a avaliação externa sobre o cenário político e econômico brasileiro. O levantamento pode subsidiar a atuação do novo governo no desenvolvimento de parcerias internacionais no curto prazo.
Reformas
Na avaliação do corpo diplomático, a aprovação da reforma tributária deve ser prioridade em 2019 – ela foi indicada por 63% dos respondentes. Em seguida, destacam-se as reformas política (60%), da Previdência (55%) e trabalhista (50%).
“O diplomata estrangeiro que está em Brasília tem uma visão apurada do cenário econômico e político brasileiro. Eles avaliam que a economia brasileira vai melhorar em 2019, mas que é preciso avançar em reformas, sobretudo a tributária”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.
O levantamento mostra ainda que 69% das representações diplomáticas consideram o Brasil um ator importante ou muito importante no cenário internacional. Uma parcela de 25% dos respondentes disse ser indiferente sobre a relevância do Brasil nesse cenário. Outros 3% disseram que o Brasil tem pouca importância; e 3% não responderam.
Comitês bilaterais
Questionadas sobre se o seu país mantinha um comitê bilateral com o governo brasileiro para tratar de temas como comércio exterior e política econômica, 35% das representações diplomáticas afirmaram que possuem um comitê bilateral com o Brasil, mas que ele não é eficiente. Uma parcela de 10% disse que há um comitê e que ele é eficiente. Outros 30% disseram não haver o comitê bilateral; 15% não souberam responder; e 10% não responderam.
Para 60% das embaixadas, é necessária uma atuação para estreitar as relações entre o Brasil e o seu país no que diz respeito às medidas de facilitação de comércio e à redução da burocracia nos processos de exportação e importação. Para 53% dos respondentes, esse trabalho deve priorizar a redução de impostos e a simplificação tributária nas operações de comércio exterior.
O corpo diplomático também considera que o governo deve trabalhar para negociar acordos comerciais, medida relevante para 30% dos respondentes. Uma parcela também de 30% dos ouvidos avalia que o trabalho deve enfatizar a promoção dos investimentos brasileiros no exterior e promover os negócios entre companhias brasileiras e estrangeiras.
Perguntadas sobre com qual órgão do governo brasileiro mantém uma relação mais próxima, 83% das representações diplomáticas citaram o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Em seguida, destaca-se o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com 58% das respostas. O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) aparece em terceiro lugar, com 33% das indicações, e o da Defesa (MD) em quarto, com 20%.
“Há uma oportunidade para o novo governo ampliar nosso diálogo com os países parceiros em áreas pouco exploradas, como desenvolvimento industrial, inovação e turismo”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI
Otimismo com o novo governo
A pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira – Perspectiva em Relação ao Novo Governo, divulgada pela CNI em dezembro do ano passado, mostrou que, para 75% dos brasileiros, o presidente eleito e sua equipe estão no caminho certo. Além disso, dois em cada três brasileiros (64%) acreditam que o novo governo será ótimo ou bom. Apenas 14% dizem que será ruim ou péssimo.
No que diz respeito às reformas, a edição especial do Informe Conjuntural Economia Brasileira, também divulgada em dezembro, mostra que a reforma tributária, muito importante para a competitividade, pouco avançou no Congresso Nacional. Mas a discussão avançou na sociedade, com a gradual criação de um consenso de sua necessidade e seu desenho, tendo como premissa fundamental a não elevação da carga tributária. O foco dessa reforma, na avaliação da CNI, deverá ser a adoção de um imposto unificado sobre a circulação de bens e serviços – que permita a remoção da cumulatividade, a simplificação tributária e a redução das obrigações acessórias aos contribuintes.