Encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach sugeriu hoje (28), em entrevista coletiva, que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, converse por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, para esclarecer o que ocorre no país do leste europeu.
“Talvez seja interessante ele conversar com o presidente ucraniano para ver outra posição e ter uma visão mais objetiva”, disse Tkach, após ser questionado sobre declarações dadas ontem (27) por Bolsonaro sobre o conflito.
Tkach disse esperar que o Brasil mantenha seu posicionamento na ONU, onde o representante brasileiro, embaixador Ronaldo Costa Filho, voltou a condenar o conflito, nesta segunda-feira (28), na Assembleia Geral de Emergência da ONU.
Ao se questionado se gostaria que o Brasil tomasse mais alguma atitude, o encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil disse que espera “um maior apoio e uma maior condenação por parte do Brasil à Rússia. Nós temos que parar essa agressão”.
“Neste momento, não se trata de apoio à Ucrânia, se trata de apoio aos valores democráticos, ao direito internacional”, afirmou o diplomata. Ele disse que o conflito atual na Ucrânia não é apenas um problema do próprio país, “mas da Europa e do mundo”.
Tkach apresentou dados que disse ser do Ministério da Saúde ucraniano, segundo os quais, até o momento, 2.040 civis, incluindo 45 crianças, ficaram feridos. Foram contabilizados também 352 mortos, entre os quais 16 crianças, acrescentou a autoridade máxima da Ucrânia no Brasil. “Rússia está tentando atacar barragem de Kiev”, afirmou que a usina nuclear de Zaporizhia também corre risco.
O Brasil foi uma das 11 nações favoráveis à resolução proposta por Estados Unidos e Albânia que condenou, na sexta-feira (25), a investida militar do presidente russo Vladimir Putin. A decisão, no entanto, foi vetada pela Rússia, que é um dos cinco membros permanentes do Conselho e, por isso, tem poder de veto.
O chefe da embaixada também relatou ter enviado um pedido de assistência humanitária ao Ministério das Relações Exteriores brasileiro, que ainda não foi respondido. Na lista, estão itens de primeiros socorros, além de alimentos e roupas. “Nosso pedido oficial saiu hoje. Mas, já durante as conversas anteriores, já entregamos essa lista às autoridades brasileiras”, afirmou.
Em três ocasiões, o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, votou medidas contra a Rússia. Por outro lado, discursou contra o que ele chamou de “sanções seletivas” que podem agravar a crise global, inclusive com o acirramento dos conflitos de Moscou contra a Ucrânia e Otan, além da piora do quadro internacional da fome.
“O Brasil votou a favor da resolução no Conselho de Segurança, mas lamentamos que não foi adotado e acreditamos que o Conselho de Segurança ainda não terminou com sua influência e chance para uma solução diplomática para chegar a paz”, disse Filho na sessão emergencial da Assembleia Geral da ONU”.