Um diplomata russo nas Nações Unidas criticou hoje fortemente a diplomacia britânica, dizendo que “não serve para nada”, horas antes do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o Presidente russo, Vladimir Putin, falarem por telefone sobre a crise ucraniana.
“Há sempre espaço para a diplomacia, mas, francamente, não temos confiança na diplomacia britânica. “, disse Dmitry Polianski, embaixador adjunto da Rússia nas Nações Unidas, em entrevista à Sky News.
“Não quero ofender ninguém, especialmente os meus bons amigos diplomatas britânicos, mas, na verdade, não têm nada em que possam gabar-se dos resultados”, acrescentou.
As relações entre Londres e Moscou estão sob tensão desde o envenenamento de um ex-espião russo e da sua filha no Reino Unido, em 2018. A Rússia negou qualquer envolvimento, mas o caso resultou numa crise diplomática entre os dois países.
Em relação à Ucrânia, Boris Johnson disse na terça-feira, durante uma viagem a Kiev, que há um perigo “claro” e “iminente” de intervenção militar por parte da Rússia, que enviou dezenas de milhares de soldados para a fronteira com a Ucrânia.
Boris Johnson avisou que isso seria “um desastre para a Rússia e para o mundo” e instou Moscou a “recuar” e a optar pela diplomacia, um apelo que deverá renovar durante a conversa telefónica com Vladimir Putin.
Dmitry Poliansky disse ainda na entrevista à Sky News que os países ocidentais exageram no número de tropas russas destacadas. “Agora já são 130.000. Eram 100.000 ontem (…) Não sei onde obtêm estes números e não tenho absolutamente confiança nenhuma nos dados dos serviços secretos americanos e britânicos”, acrescentou o diplomata russo.
Vladimir Putin disse na terça-feira esperar que o Ocidente e a Rússia encontrem “uma solução” para a crise, ao mesmo tempo que acusou Washington de usar a Ucrânia como instrumento para arrastar Moscou para um “conflito armado”.
Os Estados Unidos e os seus aliados ocidentais acusam Moscou de ter concentrado forças militares junto à fronteira com a Ucrânia na perspetiva de invasão do país vizinho.
O Kremlin tem sistematicamente negado essa intenção, enquanto expõe inquietações sobre a sua segurança e exige garantias como o não alargamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em particular à Ucrânia.