A data marca a instauração das embaixadas do Brasil em Pequim e da China em Brasília. Neste dia também se celebra o Dia da Imigração Chinesa no Brasil, sancionada há dois anos. Celebrar a data é também resgatar o início da construção da cooperação entre os dois povos, iniciada em 1809 com a chegada dos primeiros imigrantes.
Um grande fluxo migratório é registrado somente em 1950, impulsionado pela guerra civil chinesa, que levou um grande número de habitantes a se mudar para Taiwan e, logo em seguida, parte deles transferiu-se para o Brasil. No fim da década de 1980, após a abertura econômica na China, os chineses cada vez mais estabelecidos no Brasil começaram a migrar para outras regiões do país. É nesse movimento de avanço que, nos anos 2000, os imigrantes oriundos, principalmente de Fujian, Guangdong, Zhejiang e Taiwan, começaram a explorar mais o Nordeste.
Hoje, com 8 mil imigrantes, a capital pernambucana abriga a maior comunidade chinesa na região, que se destaca nos ramos de pesca, comércio, agricultura e alimentação. O número representa 2,66% da população chinesa no Brasil – 300 mil pessoas, distribuídas majoritariamente em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. A China e o Brasil têm complementaridades econômicas e mantêm perspectivas de cooperação comercial e de investimentos, com grande potencial de cooperação econômica e comercial.
“Eu definiria essa cooperação a partir de duas forças: prosperidade e amizade. São duas economias grandes, mas complementares no comércio de manufaturas, de soja, carne, café, milho e minério, o que resulta numa balança muito favorável para os dois países. E a tendência dessa relação diplomática é crescente, que pode ultrapassar outras áreas mesmo diante da pandemia”, afirma Thomas Law, diretor-presidente do Instituto Sociocultural Brasil-China (Ibrachina), que desempenha um importante papel na integração cultural entre dois povos.
“Eu vejo que Pernambuco está em uma posição muito diferenciada. O estado abriga um Consulado Geral da China, um dos três estabelecidos no Brasil. Também se destaca no comércio e no agronegócio”, destaca. O Consulado Geral da China, sediado no Recife, mantém uma relação próxima com o Consórcio Nordeste, realizando encontros frequentes com os governadores a fim de intensificar os projetos de cooperação nos setores de infraestrutura, energia renovável, tecnologia, agronegócio, produtos biofarmacêuticos, petroquímico, indústria automotiva, projetos de cidades inteligentes, segurança e construção naval.
Thomas Law acredita que há boas perspectivas para a relação de cooperação sino-brasileira no pós-pandemia, o que fortalecerá a retomada do comércio brasileiro. “Eu acho que o novo normal vai testar os limites das relações diplomáticas, e a tendência para o Brasil e China é que a relação fique ainda mais próxima, e agora, mais do que antes, muito baseada no uso de tecnologia, explorando a expansão da rede, proteção uso de dados e bigdatas”, salienta. O diretor prevê um fluxo mais dinâmico na cooperação. “O Brasil vai receber o Banco dos Brics. Isso vai fortalecer a realização de obras de infraestrutura no país, além de construir caminhos para um desenvolvimento mais sustentável”, analisa.
História – As primeiras fazendas de chá do Brasil implementadas em lavouras experimentais em São Paulo e Rio de Janeiro foram cultivadas a partir das mãos dos primeiros imigrantes chineses no país ainda no início do século 19. A introdução da prática veio acompanhada com tecnologias agrícolas, que brevemente foram expandidas para áreas da agricultura, construção ferroviária e mineração. Após um longo período de ampliação das relações entre os dois países, a China se tornou o principal parceiro do Brasil, mantendo uma balança comercial favorável com a exportação de insumos agrícolas e demais manufaturas.
REVISTA
Para marcar os 46 anos de cooperação entre Brasil e China, o Consulado Geral da China no Recife lança nesta segunda-feira a Revista Nordeste com o objetivo de mostrar as ações de cooperação e intercâmbio entre os dois países, especialmente com o Nordeste. A edição traz entrevista com a cônsul-geral da China no Recife, Yan Yuqing, analisando a importância da relação no combate à pandemia causada pela Covid-19 e também as perspectivas no período pós-pandêmico.
LINHA DO TEMPO
1809 – Início da imigração chinesa no Brasil
1950 – Com as guerras civis e na China, um grande número de chineses mudou-se para Taiwan e, logo em seguida, parte deles transferem-se para o Brasil
1974 – Estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e o Brasil. Naquele ano, foram abertas as Embaixadas do Brasil em Pequim e da China em Brasília
1980/1990 – Reforma e Abertura na China: cada vez mais os chineses foram conhecendo a potência do Brasil e naquela época, eles habitaram principalmente São Paulo e no Rio de Janeiro
2000/2010 – A imigração é expressiva a partir de 2009, um ano após a crise de 2008, que possivelmente seria o motivador do aumento dos imigrantes no Brasil e na região Nordeste
2009 – China se torna o maior parceiro comercial do Brasil
2016 – Inauguração do Consulado Geral da China no Nordeste do Brasil, sediado no Recife
2018 – Dia Nacional da Imigração Chinesa é instituído
2018 – Investimento chinês no mercado brasileiro de energia limpa, com foco no desenvolvimento e operação de energia eólica e solar
2019 – Dia Municipal da Imigração Chinesa: Recife é a primeira cidade da região Nordeste a criar uma data local para marcar o movimento migratório
2020 – Prêmio País Amigo de Pernambuco: A Assembleia Legislativa de Pernambuco condecorou a China com o título em razão das importantes contribuições em promover o desenvolvimento social, os intercâmbios locais e culturais, bilateralmente
2020 – No primeiro semestre deste ano, a China respondeu por 40% das exportações agrícolas brasileiras, um número 30% superior em valor nominal do atingido no mesmo período de 2019