O dia 15 de fevereiro é uma data histórica. Em 15 de fevereiro de 1804, ocorreu a Primeira Revolta Sérvia contra o domínio do Império Otomano. Na mesma data, em 1835, adotamos uma nova Constituição, uma das mais modernas da Europa na época.
Este ano, enfrentamos um desafio global. Hoje podemos dizer com orgulho que a Sérvia, em 15 de fevereiro de 2021, comemora os resultados alcançados na luta contra a pandemia por meio de uma política equilibrada com todos os atores mundiais. A Sérvia há mais de um mês vem vacinando sua população na luta contra a Covid-19. A vacinação em massa começou em 19 de janeiro. Os cidadãos se cadastram via e Governo ou por telefone – por meio da central de atendimento, após o qual recebem uma mensagem sobre a data da vacinação.
Na Sérvia, os cidadãos podem escolher a vacina que desejam receber e há três vacinas disponíveis – “Pfizer”, a chinesa “Sinofarm” e a russa “Sputnik Ve”. A Sérvia ainda ocupa o segundo lugar na Europa em termos de número de vacinados por milhão de habitantes e número de vacinados por 100 habitantes. À frente da Sérvia está apenas a Grã-Bretanha .
A Sérvia ocupa o 5º lugar no mundo no número total de vacinados, e estamos no sexto lugar no mundo em número de vacinas emitidas por 100 habitantes nos últimos sete dias. Podemos dizer com orgulho que nossa população responde muito bem ao Plano de Imunização, cuja resposta para a vacinação atingiu um nível invejável.
Até o fim de fevereiro a Sérvia terá dois milhões de vacinas, pelas quais serão vacinados milhões de cidadãos. Até o momento, 636.119 pessoas receberam a vacina (sem contar o número de revacinados, embora a revacinação em massa tenha começado – 83.262), sendo que mais de 950.000 se candidataram. (dados de 11 de fevereiro)
Primeiramente receberam a vacina a equipe médica, depois começou a imunização dos usuários dos centros de convivência de idosos, depois receberam a vacina membros do Ministério do Interior, Exército sérvio e outros serviços de segurança, representantes da mídia…
A idade média dos imunizados na Sérvia é de 65,4 anos, e a porcentagem é ligeiramente menor nas grandes cidades, entre 62,8 e 63 anos.
Hoje, a Sérvia também comemora seu sucesso no plano econômico. Durante a pandemia, apesar dos imensos desafios, nossos indicadores econômicos subiram, o que nos levou ao topo da escada do crescimento econômico na Europa. O sucesso foi alcançado graças às reformas econômicas iniciadas em 2014 e à abertura da Sérvia após a primeira onda da pandemia. Além disso, a taxa da dívida pública foi a que menos aumentou em comparação com outros países da zona do euro, e vários investimentos estrangeiros foram atraídos.
Em fevereiro de 2021, o governo da Sérvia adotou um novo terceiro pacote de medidas de auxílio econômico no valor de 249 bilhões de dinares. O valor total dos três pacotes é de 953 bilhões de dinares, ou aproximadamente oito bilhões de euros.
Neste pacote de medidas, ao contrário dos dois primeiros, estão incluídas grandes empresas que também sofrem as consequências da pandemia.
Como afirmou a Primeira-Ministra do Governo da República da Sérvia, Ana Brnabić, ele ajudará a reduzir as consequências negativas do coronavírus, para que as pessoas mantenham seus empregos, evitará que a economia perca “oxigênio”, mas também ajudará os cidadãos a sobreviver nestes tempos difíceis.
Nosso país tem recebido até o momento elogios do FMI, do Banco Mundial e de outras instituições pelas medidas econômicas para amenizar as consequências da COVID-19. A Sérvia mostra, assim, que é um Estado forte e estável e que os cidadãos e a economia podem contar com ele nos momentos mais difíceis.
A Primeira-Ministra do Governo Ana Brnabić e o Ministro das Finanças Siniša Mali destacaram, na apresentação dessas medidas, que o Estado lutou em duas frentes – a saúde e a econômia, e que obteve resultados fenomenais em ambas.
Em 2020, a Sérvia teve uma queda no PIB de apenas um por cento, que foi o melhor resultado econômico da Europa.
Os salários e aposentadorias, bem como o emprego, continuaram a aumentar. O salário médio em novembro foi de 518 euros, enquanto a inflação permaneceu estável em 1,6 por cento.
No ano passado, foram registrados 50,5 mil empregados a mais, enquanto a taxa de endividamento público foi a que menos cresceu em comparação com quase todos os países europeus. Em nosso país, ainda é inferior a 60%, ou seja, 56,8% do PIB.
É imprescindível mencionar que durante o ano de 2020, proporcionamos o retorno gratuito de cidadãos sérvios presos no exterior devido à pandemia. Esta Embaixada tem contribuído para a repatriação de um grande número de cidadãos do Brasil, Equador e Bolívia. Nesse sentido, uma cooperação significativa foi alcançada com a rede do Corpo Diplomático de Estados membros da UE acreditados no Brasil, o Ministério das Relações Exteriores e outras instituições relevantes do Brasil.
Esperamos que, por meio desse tipo de cooperação bilateral, possamos atender no futuro da melhor forma possível os cidadãos que enfrentam os desafios da pandemia.
Como um dos fatos mais interessantes sobre as relações bilaterais entre a Sérvia e o Brasil, podemos mencionar que a Embaixada da Sérvia – então parte integrante da República Federativa Socialista da Iugoslávia – foi a primeira a ser aberta em Brasília, em julho de 1963, mais precisamente antes do Itamaraty (MRE), transferido do Rio de Janeiro para Brasília.
A solução arquitetônica do prédio da Embaixada da Sérvia recebeu prestigiosos prêmios de nossa região, e nossos arquivos afirmam que o arquiteto Oscar Niemayer (o criador de Brasília) o visitou várias vezes. O edifício está atualmente em reconstrução a fim de modernizar e revigorar sua aparência autêntica. A conclusão da reconstrução está prevista para o segundo semestre deste ano.
Esperamos que, atendidas as condições sanitárias, tenhamos a oportunidade de apresentar o patrimônio cultural e histórico da República da Sérvia, a gastronomia nacional, etc. aos cidadãos do Brasil no novo espírito de nossa Embaixada.
Jelena Blazevic é encarregada de negócios da Embaixada da Sérvia no Brasil