Súsan Faria*
Hoje, 22 de março, é celebrado o Dia Mundial da Água. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1922 com o propósito de alertar a população do mundo sobre a necessidade de preservar esta fonte de vida do planeta Terra. A preocupação com os recursos hídricos é evidenciada neste dia simbólico. Dados divulgados em um relatório da ONU apontam que 40% da população mundial vivem com escassez de água. Além disso, 1,8 bilhão de pessoas consomem água de fontes que não são protegidas.
Em Brasília, dez chefes de Estado e representantes da ONU e de 150 países participam 8º Fórum Mundial da Água até essa sexta-feira, 23, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães e no Estádio Nacional Mané Garrincha. Clima, desenvolvimento, ecossistemas, seca, incêndios são temas da agenda atual a serem discutidos no maior encontro sobre o presente e o futuro da água no mundo. Ao todo, serão realizados mais de 300 debates. A expectativa da organização é de que e 45 mil pessoas participem do Fórum, em especial a Feira e a Vila Cidadã.
Entre os convidados especiais do eento está e o príncipe herdeiro do Japão, Naruhito; o presidente de São Tomé e Príncipe, Evaristo Espírito Santo Carvalho; o presidente da Hungria, Janos Áder; o presidente da República Cooperativa da Guiana, David Granger; e o presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos. O primeiro-ministro do Principado de Mônaco, Serge Telle que também participa do evento manifestou preocupação com o risco de a escassez resultar em desentendimentos regionais e na morte de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Realizado a cada três anos, o Fórum reúne diferentes públicos a fim de promover a diversidade de conhecimentos e a troca de experiências entre representantes de organizações internacionais, da sociedade civil, cientistas, políticos, usuários de água e profissionais que atuam no setor de recursos hídricos. O objetivo é aumentar a inserção do tema água na agenda política dos governos, além de aprofundar discussões, trocar experiências e formular propostas para os desafios relacionados aos recursos hídricos. O tema central do Fórum é “Compartilhando Água”, e os subtemas Clima, Pessoas, Desenvolvimento, Urbano, Ecossistemas e Financiamento.
Uma das novidades desta edição do Fórum é a Vila Cidadã, no Estádio Mané Garrincha, que abriga exposição e feira, com mostras científicas e estandes de instituições que participam do evento. Na área, de acesso gratuito, estão sendo realizados debates, exposições, palestras, atividades culturais, artesanato e área de alimentação. É preciso inscrição prévia para acessar a área da exposição, que funciona também como um espaço de negócios. No Centro de Convenções estão sendo realizadas palestras e painéis com representantes internacionais. Para ter acesso ao local, é necessário se inscrever e pagar pela participação.
Senegal – Representando o país que sediará o 9º Fórum Mundial da Água, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Senegal, SidikiKaba, afirmou que o acesso universal à água “é uma questão de justiça social”, e que não se pode considerar esse recurso como sendo inesgotável. “Governos, sociedade e setor privado têm de trabalhar por uma gestão eficiente e sustentável. A água não deve ser causa de doença. Ela é fonte de vida que deve estar disponível a todos, estancando a sede, nutrindo e cuidando e purificando o bem da humanidade” disse.
Além do Senegal, que será a sede do próximo fórum, estão com stands no Fórum os governos da Holanda, Angola, Espanha, Portugal, China, Marrocos, Turquia, Japão, Israel, Coreia, Brasil e Marrocos. O evento é organizado no Brasil pelo Conselho Mundial da Água (WWC), pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), representado pela Agência Nacional de Águas (ANA), e pelo Governo do Distrito Federal, representado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa). A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) é integrante do Comitê Organizador Nacional (CON) e participa com stand no Fórum. As edições anteriores ocorreram no Marrocos (1997), Holanda (2000), Japão (2003), México (2006), Turquia (2009), na França (2012) e Coreia do Sul (2015).
Prêmio – O Fórum da Água do Japão e o Conselho Mundial da Água divulgaram o vencedor do Grande Prêmio Mundial da Água de Quioto: a entidadeCaridade Cristã para pessoas em Situação de Risco (CCPD, sigla em inglês), do país africa no Togo.O prêmio será entregue sexta-feira, 23, durante o encerramento do Fórum e buscou homenagear organizações que vêm trabalhando para resolver problemas críticos de água nos países em desenvolvimento. Foram 144 inscritos de 46 países.
A CCPD receberá o equivalente a US$ 18 mil dólares, que servirá para promover a gestão da água em Togo. A entidade capacita de indivíduos e grupos comunitários para melhorar o acesso a água potável e saneamento; e organiza campanhas e oficinas de conscientização e educação. O trabalho, que vem sendo realizado desde 2013, diminuiu doenças e mortes relacionadas à água e ao saneamento em comunidades de Togo.
A missão japonesa que participa do 8º Fórum inclui o embaixador Akira Yamada, o coordenador-geral do Fórum Mundial, o japonês Kenzo Hiroki, e autoridades que representam, por exemplo, a Divisão Internacional da Secretaria de Assuntos Hídricos do Ministério da Terra, Infraestrutura e Transportes e a pasta de Água e Desastres Naturais da Organização das Nações Unidas.
ONU – Durante o Fórum, o representante da Organização das Nações Unidas (ONU), Han Seun-soo, disse que os investimentos globais para os desastres relacionados à agua devem ser dobrados globalmente nos próximos cinco anos. Segundo ele, a ONU deve realizar reuniões sobre a gestão da água durante a semana de abertura da Assembleia Geral, provavelmente em 2019, onde todos os chefes de Estado vão apresentar suas ações para a defesa global relacionada à água.
“Água é vida, mas água também pode ser uma ameaça”, disse. Para HanSeun-soo, os países precisam reverter o foco da gestão do desastre, de uma resposta reativa para algo mais preventivo. Já o ministro dos Recursos Naturais de Myanmar, Ohn Winn, disse que o país sofre com desastres relacionados à água, como enchentes, secas, tsunamis e ciclones, e adotou uma forma holística de gerir a água.
Marrocos– O Pavilhão Marroquinho dentro do Fórum Mundial foi inaugurado dia 19, segunda-feira, com a presença do Chefe de Governo do Reino de Marrocos, Saad Dine El Otmani; a Secretária de Estado Responsável pela Água, Charafat Afailal El Yedri; o primeiro-ministro de Marrocos, Saad Dine El Otomani; e o embaixador Nabil Adghoghi.
O Prêmio Mundial para a Água Hassan II desta vez foi para o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría. Como não pôde comparecer, por estar na reunião do G20, em Bueno Aires, Gurría enviou um vídeo agradecendo a homenagem e destacando que há pelo menos uma década tem defendido que a organização se debruce sobre a água, junto com outros temas, como a migração.
A premiação, oferecida pelo governo de Marrocos juntamente com o Conselho Mundial da Água, é entregue a cada três anos na abertura do Fórum Mundial da Água e em 2018. O trabalho vencedor recebe um cheque de US$ 100 milhões, um troféu e um certificado. Em Istambul, Turquia, em 2009, o vencedor foi o kuaitiano AbdulatifYoussefAl-Hamad, administrador do Fundo Árabe para o Desenvolvimento Econômico e Social. Em 2012, na cidade francesa de Marselha, a organização internacional Observatório do Saara e do Sahel foi laureada. Em 2015, o empresário MamanAbdou, do Níger, recebeu o Prêmio Hassan II.
*Fontes, com adaptações:
*http://www.worldwaterforum8.org/pt-br/news/chefes-de-estado-e-l%C3%ADderes-mundiais-destacam-riscos-globais-da-escassez-de-%C3%A1gua (Pedro Peduzzi e Paulo Victor Chagas, da Agência Brasil)
*http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/noticias/inclusao-inovacao-e-visao-de-futuro-deram-o-tom-nos-debates-no-primeiro-dia-de-sessoes-do-do-8o-forum-1
*http://www.worldwaterforum8.org/production.worldwaterforum8.org/pt-br/news