Uma das datas históricas mais importantes da nação húngara é o dia 20 de agosto. Nesse dia, os húngaros comemoram a Fundação do Estado e o dia de Santo Estêvão (foto), o primeiro rei católico do país. Antes do seu reinado, a Hungria não tinha sido reconhecida pelas potências europeias como país legítimo no continente e o povo mantinha as suas crenças e cultura pagãs, originárias da Ásia Central.
O processo de aproximação do povo húngaro com o Vaticano e a Europa Ocidental começou na época dos antepassados do Rei Santo Estêvão. Procurando criar laços com o cristianismo e com o propósito de assegurar a subsistência de seu povo nômade, o Príncipe Géza, que foi descendente do Príncipe Árpád (conquistador do território pátrio húngaro) assinou no final do século X um acordo com Otão I, o imperador do Sacro Império Romano-Germânico.
O filho de Géza, Vajk, recebeu o nome de István (Estêvão) como nome de batismo. Estêvão deu continuidade à política de seu pai e foi coroado como Rei da Hungria no Natal do ano 1000. Para esta ocasião ele solicitou uma coroa ao Papa Silvestre II, ganhando assim complacência por parte do Vaticano. Essa foi uma declaração pública por parte da Hungria, que formou assim uma aliança com o Cristianismo Ocidental.
O Rei Estêvão organizou um forte estado centralizado, introduziu o sistema de províncias no estilo do ocidente, fundou dioceses e arcebispados (de Kalocsa e de Esztergom). Através de suas severas leis defendeu o cristianismo, o direito à propriedade privada, à paz pública e também os valores morais da nação. Tomou medidas para uma acentuada propagação da cultura e do conhecimento, considerando particularmente importante que a Hungria se tornasse receptiva às novas ideias e tolerante com outros povos.
No ano de seu falecimento, em 1038, a Hungria era um país forte e independente, encarando positivamente o futuro e se aproximando das sociedades ocidentais. O Rei Estêvão foi canonizado em 1083, e desde então, no dia 20 de agosto – dia de Santo Estevão – os húngaros prestam homenagem a esse grande monarca.
Permanece guardada na Basílica de Santo Estêvão em Budapeste a mão direita do rei embalsamada, que é mostrada numa procissão na cidade anualmente na data. À noite são lançados fogos de artifício na capital, dando esplendor ainda maior à deslumbrante cidade de Budapeste. Esse ano, devido às restrições impostas em virtude da pandemia, as celebrações durante o dia, assim como os fogos, foram cancelados.
Zoltán Szentgyörgyi, Embaixador da Hungria no Brasil