Por RFI
Segundo o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado nesta quarta-feira (13), O número de desempregados no mundo caiu em dois milhões em 2018, retornando a 172 milhões. O número corresponde a uma taxa de desemprego global em 5,0%, a mesma registrada antes da crise financeira de 2008. Mas, mesmo se o desemprego diminuiu, a agência da ONU denuncia a constante precarização do trabalho em todo o planeta. O documento deplora que a maioria dos 3,3 bilhões de pessoas, que estavam empregadas em 2018, enfrentam a falta de segurança econômica, bem-estar material e igualdade de oportunidades no mercado de trabalho global.
Segundo o novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), trabalha-se mais e pior do que há 10 anos. É o caso, por exemplo, de todos os países da América Latina, que demonstram níveis “inquietantes” de informalidade e de “má qualidade” do trabalho, em todas as categorias profissionais. Apesar de uma recuperação no crescimento econômico da região, o emprego deverá crescer apenas 1,4% ao ano entre 2019 e 2020, diz o órgão.
“Ter um emprego nem sempre garante um estilo de vida decente”, afirmou Damian Grimshaw, diretor do Departamento de Pesquisa da OIT. Segundo ele, a prova são os 700 milhões de pessoas vivem em extrema pobreza ou em pobreza moderada, “apesar de terem um emprego”. O relatório chama a atenção para o fato de que alguns novos modelos de negócios, especialmente aqueles favorecidos por novas tecnologias, ameaçam minar o mercado de trabalho em quesitos como a informalidade, a estabilidade, a proteção social e as normas trabalhistas.
Entre os problemas destacados pelo relatório da OIT constam a diferença entre a taxa de participação de homens e mulheres no mercado de trabalho, que continua extremamente desigual: as mulheres respondem por apenas 48%, comparado aos 75% dos homens.
Outro problema é que o emprego informal ainda é predominante, com 2 bilhões de trabalhadores – 61% da força de trabalho global – nessa categoria. A OIT também se mostrou preocupada com o fato de mais de 20% dos jovens (com menos de 25 anos) estarem fora da escola ou desempregados, comprometendo suas perspectivas de emprego no futuro.
No norte, sul e oeste da Europa, o desemprego se encontra em seu nível mais baixo nos últimos dez anos e deve continuar a diminuir até 2020. Em alguns países do continente, o desemprego de longa duração atinge 40%. Na Europa do Leste, o número de pessoas empregadas deverá diminuir cerca de 0,7% em 2019 e 2020. A informalidade continua generalizada, mantendo uma taxa de 43% na Ásia Central e Ocidental. Trabalhadores pobres, empregos de baixa qualidade e persistentes desigualdades no mercado de trabalho continuam sendo uma grande preocupação nesta área do globo.
Já na América do Norte, espera-se que o desemprego atinja seu nível mais baixo, com uma taxa de 4,1% em 2019. Tanto o crescimento do emprego como a atividade econômica devem começar, no entanto, a diminuir em 2020. Norte-americanos que possuem apenas ensino fundamental têm duas vezes mais probabilidade de ficarem desempregados do que aqueles com um alto nível de instrução.
Esta sub-região é uma das líderes no campo das plataformas de trabalho digitais. O monitoramento rigoroso dessas atividades é uma preocupação para os formuladores de políticas públicas na área do trabalho, devido à crescente informalidade e precarização do emprego, segundo especialistas da OIT.
Na África, apenas 4,5% da população em idade ativa na região está desempregada, com 60% das pessoas empregadas. No entanto, este número, longe de refletir o bom funcionamento do mercado de trabalho, explica-se pelo fato de muitos trabalhadores não terem escolha senão aceitar empregos de baixa qualidade, o que significa que não têm segurança no emprego, nem salários decentes, nem proteção social.