Em abril de 2020, a coluna revelou que o Brasil não participou da aliança global por vacinas, alegando que teria “outras alianças” sendo consideradas. Quando finalmente aderiu, optou por pedir o menor número de vacinas possíveis dentro do mecanismo, conhecido como Covax.
A denúncia ainda que Ernesto Araújo “conduz o país a um total isolamento, atacando esforços de cooperação internacional multilateral de enfrentamento à pandemia e prejudicando relações bilaterais fundamentais para a compra e produção de vacinas”.
Além de minar a cooperação com a OMS, o chanceler também prejudicou as relações com parceiros como China e Índia. “Na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a cruzada contra o multilateralismo de Araújo também se manifesta. Em abril de 2020, o Brasil esteve entre os poucos países que não participaram da adoção de uma resolução, apoiada por 179 países, demandando uma ação global para acelerar rapidamente o desenvolvimento, a produção e o acesso a remédios, vacinas e equipamentos médicos frente ao novo coronavírus”, diz a denúncia.
Outra acusação se refere ao fato de o ministro ter “protagonizado a disseminação de mentiras sobre a pandemia no país”. “Em publicação em seu perfil no Twitter, o Ministro afirmou que uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) teria dado “toda a autoridade para estabelecer/controlar todas as medidas de distanciamento social” aos governadores, e divulgou valores nove vezes superiores ao descrever os auxílios financeiros a estados e municípios. A publicação provocou reação do Ministro Gilmar Mendes do STF”.
“A orientação ideológica do ministro isolou o país em momento crucial da história não só do Brasil, mas mundial. Diversas vidas pereceram enquanto princípios constitucionais basilares supracitados são ignorados – bem como administrativos”, acusam os deputados. “Resta inequívoco, portanto, tendo em vista que a verdade, a ética e a moralidade devem caminhar juntas no modus operandi do agente administrativo, que o Ministro Ernesto Araújo, ao mentir sobre questões de saúde e ciência – apenas para adequar a realidade aos seus conceitos ideológicos – violou o princípio administrativo da moralidade”, atacam.
Para a bancada do PSOL, “não há nenhuma condição para o Ministro Ernesto Araújo permanecer à frente das relações exteriores de nosso país. É urgente que, além de afastado, o Ministro seja responsabilizado por seus atos”. O documento ainda pede que o chanceler seja investigado pelo cometimento dos crimes de responsabilidade.