A saída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífico (TPP) pode abrir oportunidades para o Brasil e acelerar negociações em andamento com países como México, Canadá e Japão, avaliam analistas. Para o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, a decisão dos EUA pode reforçar o interesse dos países que fazem parte da TPP no Brasil.
“Estamos ampliando nossos compromissos com os países da Aliança do Pacífico em serviços, compras governamentais, investimentos e bens. Junto com o Mercosul, temos buscado novas parcerias com o Canadá e o Japão”, afirmou o ministro em nota. O ministro considerou ainda que, em relação aos Estados Unidos, o governo brasileiro quer avançar ainda mais temas como facilitação de comércio, convergência regulatória, inovação e propriedade intelectual. “A saída dos EUA já havia sido anunciada.
A questão agora é o que Donald Trump fará em relação aos acordos bilaterais que o país tem com vários outros países que estão na negociação da TPP”, diz Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Consultores e ex-secretário de comércio exterior. No caso do Brasil, a saída dos americanos pode fazer com que a TPP deixe de ser prioridade, e algumas negociações em andamento voltem ao foco, afirma Barral. Ele cita o México, país para o qual a TPP era a grande prioridade, mas que pode agora buscar acelerar as negociações com o Brasil. Efeito semelhante pode se agora buscar acelerar as negociações com o Brasil.
Efeito semelhante pode se esperar em relação ao Canadá, diz. “O Canadá tinha como maior prioridade o acordo com a Europa, que foi assinado depois de grande discussão. A segunda prioridade era a TPP”, analisa Barral. “O acordo do Brasil com os canadenses está entre as negociações que podem ganhar m mais fôlego a partir de agora”. Diego Bonomo, gerente executivo de comércio exterior da Confederação Nacional da Indústria (CNI), tem análise semelhante. Além de México e Canadá, ele destaca o Japão. Para ele, o governo Trump ainda deverá sofrer pressões de empresas interessadas na TPP. “A retirada dos EUA é um movimento simbólico”, afirma.
É preciso esperar, diz Bonomo, porque se o governo americano iniciar as negociações de forma mais bilateral, será mais uma mudança tática e não o caminho para o isolacionismo. De qualquer forma, avalia, é provável que os demais países mantenham a estratégia de buscar mega-acordos. “Para os países asiáticos, por exemplo, a integração econômica faz parte do modelo de crescimento”, afirma. Outro impacto para o Brasil, diz Barral, é que não sofreremos os efeitos que estavam sendo esperados de desvio de comércio com assinatura da TPP, ao menos em relação ao mercado americano.
Ele dá como exemplo o café solúvel. Nesse item, explica Barral, o Brasil concorre com os vietnamitas em vários mercados, inclusive no americano. “Com o acordo, o produto do Vietnã ganharia espaço com condições tarifárias melhores. O mesmo ocorreria com produtos como carnes da Austrália e da Nova Zelândia e outros itens de origem agrícola do Vietnã” diz. No entanto, lembra Bonomo, o desvio de comércio e de investimentos ainda poderão afetar o Brasil em relação aos outros 11 países da TPP.