Preceitos da religião anteciparam tendência por fornecedores que atuem seguindo métricas da governança ambiental, social e corporativa
São Paulo – O consumo ético, baseado em uma produção ambiental e socioeconomicamente consciente já movia o mundo islâmico antes mesmo do ESG se tornar parâmetro reconhecido no mundo ocidental. Foi o que afirmou o ex-presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun (foto acima), durante o curso “O Mundo Islâmico – Oportunidades e Desafios para o agronegócio brasileiro em um cenário Pós-Pandemia”.
A aula inaugural do curso aconteceu nesta quinta-feira (17) e abordou os aspectos culturais, comportamentais e inteligência de mercado da comunidade muçulmana. “O consumo ético que vemos no mundo todo hoje, os países árabes já priorizavam. [Essas nações buscavam] as empresas que olhavam para governança há bastante tempo, e ranqueiam os países fornecedores através de critérios ESG. O halal, por exemplo, entra aí”, explicou Hannun, citando a certificação que garante que um produto seja permitido para muçulmanos.
Focando nas tendências de consumo entre os muçulmanos, Hannun lembrou que os preceitos da religião, anteciparam as métricas da governança ambiental, social e corporativa (ESG, da sigla em inglês). Outros pontos destacados pelo executivo foram o aumento da conectividade digital nos países árabes e as oportunidades no mercado de alimentos, que é grande nos países islâmicos. “Esse setor conquista mais da metade dos gastos da população islâmica”, frisou o executivo.
Presente na abertura do evento, o presidente da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, lembrou os laços das empresas brasileiras com as nações árabes no ramo alimentício. “Durante toda pandemia, o Brasil de forma exemplar e solidária manteve o fornecimento de alimento aos países árabes no mundo islâmico”, ponderou. O diplomata lembrou, ainda, que embora exista um movimento árabe para diminuir a dependência de importação de alimentos, há também oportunidades de parceria, como já acontece em casos como o frigorifico da Minerva junto aos sauditas.
Além de Hannun, quem também ministrou conteúdo neste primeiro módulo foi Ali Hussein El Zoghbi, vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras). El Zoghbi trouxe informações sobre a religião muçulmana e a importância dessa comunidade para o desenvolvimento da civilização. “Quem abriu as portas para o conhecimento do que hoje chamamos de mundo ocidental, foram os árabes e o Islã. Estamos aqui para mostrar com transparência o que é o verdadeiro Islã, que inclusive deveria ser salam, que significa paz”, apontou.
Na abertura do evento também estiveram presentes a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que falou sobre o peso da comunidade islâmica para as empresas brasileiras, que têm uma relação longeva com a comunidade. João Martins, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também falou na abertura e frisou que Brasil é um país aberto ao mundo e sua diversidade étnica e, por essa razão, conquistou o mundo islâmico, especialmente os países árabes.
Também participaram do evento virtual a diretora de Relações Internacionais da CNA, Ligia Dutra, e o o diretor de Relações Institucionais da Fambras Halal, Delduque Martins. O curso é organizado pela CNA em parceria com a Fambras. A programação do evento segue nos dias 24 de junho, 01 e 08 de julho, com professores de diversos setores. As inscrições são gratuitas.
Serviço
O Mundo Islâmico – Oportunidades e desafios para o agronegócio brasileiro em um cenário pós-pandemia
Até 08 de julho
Toda quinta-feira, das 9h às 11h
Inscrições abertas
Grátis