Os Estados Unidos se opuseram nesta segunda-feira(17), pela terceira vez em uma semana, à adoção de uma declaração de paz do Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito israelense-palestino. O texto, que foi elaborado pela China, Tunísia e Noruega, pede “o fim da violência e o respeito ao Direito Internacional Humanitário, incluindo a proteção de civis, especialmente crianças”.
O documento foi apresentado na noite de domingo aos 15 membros do Conselho para adoção na segunda-feira, mas os Estados Unidos disseram que, por hora, “não podem apoiar uma expressão” do Conselho de Segurança.O rascunho do documento expressa “a séria preocupação” do Conselho com a crise israelense-palestina e denuncia as “possíveis expulsões” de famílias palestinas em Jerusalém Oriental.
O texto também celebrou os esforços internacionais para reduzir a escalada, sem mencionar os Estados Unidos, e reiterou o apoio do Conselho a uma solução negociada em favor de dois estados, Israel e Palestina, vivendo “lado a lado em paz” e com “fronteiras reconhecidas e seguras”.
O presidente americano, Joe Biden, anunciou nesta segunda-feira que conversará com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sobre os combates que opõem Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza. O presidente americano não disse se haverá eventuais discussões em torno de um cessar-fogo.
Na última semana, o Conselho de Segurança se reuniu com urgência três vezes para tratar do conflito, sem chegar a uma posição comum. Principal apoiador de Israel, Washington explicou durante suas duas primeiras rejeições que um texto seria “contraproducente” para seus esforços de mediação na região. A posição de Washington não é compartilhada pela maioria do Conselho de Segurança, especialmente seus aliados tradicionais.
França defende cessar-fogo
O presidente francês, Emmanuel Macron, e o egípcio, Abdel Fattah-Al-Sissi, discutiram nesta segunda-feira a possibilidade de mediar o cessar-fogo, solicitando a ajuda da Jordânia. A mediação “é um dos elementos que permitiriam obter o cessar-fogo, a chave que permitirá a reunificação das áreas palestinas e garantir o não-recurso à violência”, disse Macron durante uma conferência internacional de ajuda ao Sudão.
A chefe de Governo da Alemanha, Angela Merkel, manifestou “solidariedade” com Israel durante uma conversa telefônica com Benjamin Netanyahu e reafirmou o “direito de Israel a defender-se dos ataques”
Nesta segunda-feira, os bombardeios israelenses recomeçaram na Faixa de Gaza, após uma semana de ataques que deixaram mais de 200 mortos. O Hamas, por sua vez, lançou foguetes no sul do país.
Centenas de edifícios foram danificados na Faixa de Gaza e os cortes de energia elétrica se tornaram mais intensos, segundo as autoridades locais, que ainda não divulgaram um balanço de vítimas. No início da manhã, as ruas do território, onde moram dois milhões de pessoas, estavam desertas. O exército israelense informou em um comunicado que atacou noves casas que pertencem a comandantesdo Hamas, incluindo algumas que eram utilizadas para “armazenar armas”.
Quase 40.000 palestinos abandonaram suas casas, informou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU. As equipes de resgate e os moradores tentavam retirar os escombros e apagar os incêndios, incluindo um em uma fábrica de colchões.
Desde 10 de maio, quando teve início a espiral de violência, ao menos 198 palestinos morreram, incluindo 58 menores de idade, e mais de 1.200 ficaram feridos. No domingo, 42 palestinos, incluindo oito menores de idade e dois médicos, morreram no domingo nos bombardeios israelenses em Gaza, o maior número de vítimas fatais em apenas um dia, segundo o ministério da Saúde local.
Os israelenses, especialmente os do sul que vivem com alertas contínuos de foguetes, ouviram um apelo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para que “limitem suas atividades ao ar livre”. Do lado de Israel, 10 pessoas morreram, incluindo uma criança, e 294 ficaram nos ataques de foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza.
Netanyahu justifica bombardeio em prédio de agências
Os grupos armados palestinos, incluindo o braço militar do Hamas, lançaram mais de 3.150 projéteis contra Israel desde o início dos combates. Este é o maior ritmo de disparos registrado contra o território israelense, informou o exército. A maioria dos foguetes foi interceptada pelo escudo antimísseis Domo de Ferro.
“Nossa campanha contra as organizações terroristas segue a pleno vapor”, afirmou no domingo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que justificou o bombardeio de um edifício de 13 andares que abrigava os escritórios do canal Al Jazeera (Catar) e da agência americana de notícias The Associated Press (AP). Era um “alvo perfeitamente legítimo”, declarou, antes de explicar que o ataque foi baseado em informações dos serviços de inteligência.
O exército israelense, que alega ter como alvos as áreas e equipamentos do Hamas, alguns comandantes e túneis subterrâneos, acusa o movimento islamista de usar os civis como “escudos”. O último grande confronto entre Israel e Hamas aconteceu em 2014. O conflito de 51 dias destruiu a Faixa de Gaza e deixou pelo menos 2.251 mortos do lado palestino, a maioria civis, e 74 em Israel, a maioria soldados.
(Com informações da AFP)