Em coletiva, diplomatas de vários países enfatizam compromisso de reunir esforços para encerrar a crise no “país irmão”
Os confrontos militares entre o exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido, que afetaram o processo de estabilidade e desenvolvimento no Sudão, estão preocupando embaixadores árabes que prestam apoiam ao governo. Diplomatas de 10 países, membros do Conselho dos Estados Árabes, reuniram-se com a imprensa, no dia 05, na sede da entidade, em Brasília, para manifestar a preocupação com a grave situação de conflito enfrentado desde 15 de abril pelo povo sudanês., com a morte de inúmeras crianças em ataques de mísseis.
O embaixador do Sudão Mohammed Elrashed Sidahmed afirmou que o maior objetivo da reunião era conscientizar a opinião pública e as autoridades brasileiras, sobre os fatos e as consequências que estão acontecendo com a população daquele país como falta de água e de energia, de gasolina, cortes em redes de comunicação e, a maior das tragédias, o corte nos serviços bancários que traz a falta de dinheiro nas mãos dos cidadãos. Jornalistas são impedidos de trabalhar.
Mohammed Sidahmed, em sua declaração à imprensa, mostrou a preocupação do governo do Sudão com retirada segura dos estrangeiros residentes nas zonas de conflitos como atletas profissionais e diplomatas. “Condenamos o desrespeito à trégua humanitária, em vigor desde a manhã do dia 4, com violações dos Rebeldes das Forças de Apoio Rápido que atacaram sedes diplomáticas como a embaixada da Índia, em Cartum, com saques a pertences do embaixador”, disse Sidahmed. De acordo com o embaixador sudanês, houve ataques também a sedes de organismos internacionais e residências de diplomatas a exemplo do da Suíça, onde estão amotinados.
Segundo o comunicado distribuído para à imprensa, “o Ministério das Relações Exteriores também condena veemente os crimes de violência sexual, assédio e estupro cometidos pelas forças rebeldes contra várias trabalhadoras de organizações de ajuda humanitária. A invasão dos rebeldes à 50 por cento dos hospitais, com a interrupção de tratamento médico de “cidadãos inocentes” foi outra preocupação abordada pelo embaixador Sidahmed. “Muitos enfermos já perderam a vida por falta de insulina, crianças com câncer estão morrendo por falta de quimioterapia”, relatou.
Em sua fala, o embaixador explicou que o que ocorre no Sudão é resultado de um motim de uma facção militar que se rebelou contra a fusão e a redesmobilizacão dentro do processo de transição democrática do qual o povo do Sudão edifica grandes esperanças na construção do Estado da liberdade, paz e justiça, bem como fundar um regime de governo civil submetido a vontade popular. “O tratamento desse motim será conforme as leis e a disposições militares das Forças Armadas”, disse o embaixador Mohammed que espera a visita de autoridades mundiais como foi feita na Ucrânia.
Em sua fala, o embaixador comunicou que todos os acontecimentos tem sido devidamente relatados ao Ministério da Relações Exteriores do Brasil, às embaixadas no Brasil e aos organismos internacionais sobre os desdobramentos dos fatos e dos dados oficiais emitidos pelo governo do Sudão. Esse conflito, segundo alguns relatórios americanos, pode se estender por mais tempo.
Na opinião de Sidahmed, o mundo todo, inclusive o Brasil, sofre com a inflação alta e aumento dos preços, mas no caso do Sudão os preços quadruplicaram e o pior pode ocorrer. Então o Sudão apela a todos no mundo que, como foram solidários a Ucrânia, sejam também com o país, solicitando a paralisação imediata dessa guerra, pois o Sudão, dentro da sua história, foi um dos países africanos que mais receberam movimentos de refúgio, onde muitos obtiveram a cidadania sudanesa e passaram a desfrutar de todos diretos de cidadãos.
Hoje, muitos sudaneses estão abandonando tudo e fugindo para escapar do sofrimento dessa guerra. Parques e feiras estão totalmente destruídos. “Conclamamos ao Brasil a mão da ajuda agora para um país amigo, irmão”. O brasileiro é um povo que ama a paz e sabe o que significa uma guerra”, disse o diplomata. Sidahmed lembrou que funcionários do Itamaraty e jogadores de futebol do Brasil foram retirados do país em segurança.
Apoio internacional – Diante dessa situação humanitária as Forças Armadas do Sudão aceitaram várias ordens de “cessar fogo”, alcançadas com o apoio saudita-americano. Os esforços regionais e internacionais estavam garantindo o cessar total desrespeitado pelos opositores do governo.
As missões do Sudão em Nova York, Genebra, Roma, Viena e Nairóbi estão defendendo e coordenando os esforços humanitários em estreita coordenação com as principais autoridades de Cartum. O embaixador Sidahmed informou ainda que António Guterres, Secretário Geral das Nações Unidas, diz ter relatórios relatando que alguns grupos terroristas em Regiões do Oeste Africano estão em rumo ao país. “A instabilidade no Sudão significa a explosão da situação em toda a região”, pontuou Guterres.
Necessidades – Segundo o embaixador sudanês, as necessidades humanitárias mais urgentes são medicamentos, suprimento de primeiros socorros, materiais de higiene, água, abrigos e geradores de energia. Também é preciso a assistência para consertar as redes de água, de eletricidade e de telefonia muito danificadas ou quebradas.