Os dois países reafirmaram suas relações de amizade ao comemorar os 40 anos de relações diplomáticas em uma Sessão Especial no Senado, na quinta-feira (26). Diversos parlamentares estiveram presente, como o presidente do Senado Davi Alcolumbre, embaixadores, membros do corpo diplomático e outras autoridades. O embaixador da Palestina, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, citou que a Palestina atravessa um momento que requer esforços redobrados para, segundo ele, por fim há cinco décadas de ocupação militar israelense.
Alzeben reafirmou que forças contrárias querem a capitulação dos palestinos, mas frisou que quaisquer ações serão capazes de dobrar os palestinos e que apenas um acordo equilibrado é possível entre Palestina e Israel. “O Estado da Palestina, lado a lado com o Estado de Israel é a única solução possível para esse conflito que ameaça a estabilidade, não somente do Oriente Médio, mas também a paz e segurança do mundo, como um todo”.
Com todo esse contexto histórico, o embaixador destacou o apoio do Brasil, que segundo o diplomata é fundamental pelo relevante papel que desempenha no cenário mundial e trajetória pacífica. O diplomata também afirmou “quase todos” os líderes mundiais apoiam o pleito palestino de criação de um Estado próprio. “Todos acompanhamos a sessão atual da Assembleia Geral das Nações Unidas. Quase todos os discursos de líderes mundiais coincidem em seu apoio à solução de dois Estados. Todos coincidem com a posição oficial palestina de que o conflito provocado pela ocupação é político e territorial, e não religioso, e de que a solução é política”.
Ao final de seu discurso, o embaixador da Palestina pediu que o atual governo reafirme o compromisso pela defesa do povo palestino. “Reconhecemos as contribuições dos presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer, dos chanceleres e diplomatas brasileiros e de funcionários do Itamaraty. E o que esperamos do senhor presidente Jair Bolsonaro? Juntar-se ao esforço tradicional deste grande Brasil”.
Ibrahim Alzeben salientou se a trajetória de 40 anos dos dois países pudesse ser resumida em uma palavra, seria “solidariedade”. “Desde a chegada dos primeiros palestinos ao Brasil, todos foram recebidos com o mesmo carinho e solidariedade típica do povo brasileiro, solidariedade essa que foi fundamental para aliviar a dor da diáspora palestina”.
A amizade entre Brasil e Palestina também foi relembrada pelo chefe da Missão Permanente da Liga Árabe no Brasil, Qais Shqair. “Desde a chegada de nossos irmãos árabes aqui, que procuraram viver, trabalhar e se instalar no Brasil por mais de um século, apresentando um modelo de convivência entre os cidadãos brasileiros, que uma ponte entre Brasil e Palestina veio sendo construída, abrangendo os dois continentes”.
Shqair também reafirmou o desejo da Liga dos Estados Árabes e de todos os seus países, em fortalecer o laço de décadas de relações com o Brasil, em todas as áreas de cooperação.
Apoio aos Estados – O diretor do Departamento de Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, Sidney Romero, disse que o Brasil quer uma solução “justa e abrangente” para o conflito Israel-Palestina. “Expressamos nosso apoio a uma solução de dois Estados. O Brasil apoia uma solução que, além de justa e abrangente, seja efetiva e definitiva. Esperamos que abordagens inovadoras tragam consigo a virtude de destravar as discussões em torno dos temas mais delicados do conflito”.
Segundo Romero, a visita de Jair Bolsonaro ao Oriente Médio em outubro demonstra a importância que o governo brasileiro confere ao relacionamento com todo o mundo árabe. “Nossos laços culturais, econômicos e políticos com o mundo árabe são inquebrantáveis. A visita do presidente Jair Bolsonaro à Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar, em outubro próximo, a ser realizada ainda em seu primeiro ano de mandato, reforça, inequivocamente, a importância de nosso relacionamento com os países da região”.