As sanções econômicas decretadas pelos Estados Unidos contra a Venezuela e o Irã tiveram fortes reflexos no fluxo de comércio do Brasil com esses dois países, que deve atingir este ano o mais baixo patamar da série histórica iniciada em 1997, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.
Em relação à Venezuela, a uma série de medidas impostas anteriormente, o governo americano adicionou, em janeiro último, sanções econômicas totais contra o país sul-americano, congelando todos os bens do regime de Nicolás Maduro e proibindo transações com ele, a menos que estejam especificamente isentas.
No que diz respeito ao Irã, as últimas medidas adotadas também no início deste ano impedem o país persa, entre outras coisas, de acessar 90% de suas reservas em moedas internacionais, o que reduz drasticamente sua capacidade de atuação no comércio internacional.
Com acesso restrito aos meios tradicionais de pagamentos, Venezuela e Irã passaram a enfrentar grandes dificuldades na realização das operações de exportação e importação e viram seu comércio exterior desabar.
As trocas comerciais com a Venezuela atingiram o auge em 2014, quando as exportações brasileiras totalizaram US$ 4,566 bilhões e as vendas venezuelanas atingiram a cifra de US$ 1,174 bilhão. Em 2008, o Brasil exportou para a Venezuela um conjunto de mercadorias no valor de US$ 5,133 bilhão, cifra recorde da série histórica.
Essas exportações começaram a cair muito antes das sanções impostas pelo presidente Donald Trump e essa queda tornou-se mais expressiva com o embargo americano. Em 2019, as vendas brasileiras para o país vizinho somaram pouco mais de US$ 420 milhões, com uma retração de 26,9% comparativamente com o ano anterior. As exportações venezuelanas caíram muito mais (-52,7%) para US$ 81 milhões.
Este ano, de janeiro a maio, as exportações para a Venezuela aumentaram 82,9% para US$ 265 milhões enquanto a Venezuela embarcou para o Brasil produtos no valor total de US$ 16 milhões, com um retração de 68,8% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Os efeitos das sanções decretadas pelo governo americano afetaram mais as trocas com o Irã que o comércio com a Venezuela. Após atingirem o maior valor da série histórica em 2017, quando totalizaram US$ 2,560 bilhões, as exportações para o Irã caíram sucessivamente em 2018 e 2019 e despencaram nos cinco primeiros meses de 2020, quando foram duramente afetadas pelas sanções americanas e pela pandemia de Covid-19 que derrubou todo o comércio internacional.
Nesse período, as exportações brasileiras tiveram uma retração de 79,9% e totalizaram US$ 214 milhões, correspondentes a apenas 0,2% das vendas externas totais do Brasil. Em contrapartida, mesmo com um crescimento de 133%, as exportações iranianas somaram US$ 27 milhões, ou 0,04% das importações totais brasileiras.