Desde a sua fundação, em novembro de 1945, a missão da Liga tem sido assumida com a convicção comum de seus Estados-membros de defender a justiça na região e além
Qais Shqair — embaixador da Missão da Liga dos Estados Árabes no Brasil
Em uma recepção pelo 80º aniversário da Liga, realizada na Missão da Liga Árabe na última terça-feira, 3 de junho, representantes do gabinete presidencial, do Ministério das Relações Exteriores, do corpo diplomático, da comunidade árabe e da mídia se reuniram para celebrar a fundação da mais antiga organização regional/internacional dedicada a promover a paz para o bem da humanidade.
Fundada oito meses antes da criação das Nações Unidas, em novembro de 1945, ela busca combinar os esforços conjuntos dos países árabes após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os líderes árabes da época criaram um fórum para se aproximar do mundo, no momento exato em que a humanidade como um todo tomou a iniciativa de abandonar as guerras e recorrer ao diálogo para cooperar para o bem de todos, em todos os campos de cooperação, preservando os valores humanos comuns, destacando o que compartilhamos como seres humanos.
Desde então, a missão da Liga tem sido assumida com a convicção comum de seus Estados-membros de defender a justiça na região e além, conforme articulado na luta fraterna do povo palestino para preservar, libertar e estabelecer seu Estado independente.
Já em julho de 1947, 10 meses antes da Nakba — a catástrofe dos palestinos que ainda continua dia e noite na Faixa de Gaza e no resto dos territórios palestinos ocupados —, a Liga Árabe enviou sua primeira delegação à América Latina, com o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, e São Paulo, visitando um total de 13 países do continente para obter seu apoio à causa palestina, reunindo-se com os representantes das comunidades árabes locais, instando-os a unirem esforços para trabalhar pela justiça e pela implementação do direito internacional.
No Brasil, a principal preocupação da missão da delegação era abordar tanto o nível oficial quanto a comunidade árabe, com cobertura total da mídia. Os principais jornais, revistas e rádios estavam todos presentes cobrindo as reuniões da delegação com autoridades e as atividades diárias durante quase dois meses, que incluíram, entre outras coisas, a inauguração da primeira Igreja Católica árabe no Rio de Janeiro e a participação em grandes festivais em apoio à causa palestina.
Enquanto isso, a delegação visitou alguns dos principais projetos industriais lançados por vários pioneiros árabes brasileiros que estabeleceram as bases dos principais negócios da atualidade. O trabalho de caridade tem estado no topo da agenda da comunidade árabe no Rio de Janeiro e em São Paulo para servir sua comunidade e a sociedade em geral. Essa foi a primeira missão da Liga Árabe, seguida por uma série de outras iniciativas nas frentes bilateral e multilateral.
A simplificação do trabalho conjunto dos 22 Estados-membros árabes em todas as áreas de cooperação por meio de conselhos ministeriais especializados serviu como porta de entrada para a Liga difundir sua missão em fóruns regionais e internacionais. O pleno envolvimento em plataformas internacionais, a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, de 17 a 19 de novembro, está no topo da agenda multilateral da Liga.
No que diz respeito às relações amigáveis com a República Federativa do Brasil, o Secretariado-Geral da Liga Árabe tem se empenhado em realizar consultas políticas com o Ministério das Relações Exteriores, buscando o caminho certo para fortalecer a cooperação em todos os campos.
Atuando como coordenadores da parte árabe e dos países latino-americanos para o Grupo ASPA (América do Sul-Países Árabes), tanto o Secretariado-Geral da Liga quanto o Itamaraty, o grupo ASPA compartilha a vontade de promover as relações entre o mundo árabe e os países latino-americanos nos campos político, econômico e cultural.
O trabalho pela paz tem sido uma das principais prioridades da agenda da Liga dos Estados Árabes. Ao comemorarmos o 80º aniversário da Liga, estamos, de fato, enviando uma mensagem de paz, de uma vontade sincera de cooperar para o bem de todos nós.
Fonte: Correio Braziliense