Com diversos pontos em comum e complementares em suas economias, Brasil e Bangladesh possuem sinergia e têm trabalhado para liberalizar seus fluxos comerciais e desejam intensificar o volume de negócios e investimentos mútuos. Esses foram os pontos tratados durante a mesa-redonda com autoridades de ambos os países, na tarde desta terça-feira (19) na sede da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Em 2021, o fluxo comercial entre os países alcançou a cifra recorde de US$ 2 bilhões, sendo que as exportações brasileiras chegaram a US$ 1,824 bilhão. Entre os itens mais comercializados, estão o açúcar e produtos de confeitaria, algodão, sementes e oleaginosas, óleos vegetais, ferro e aço. Já as importações brasileiras provenientes de Bangladesh chegaram a US$ 117,8 milhões, em sua maioria de vestuário e acessórios, fibras têxteis, de papel e obras em couro.
Segundo o diretor de Negócios da ApexBrasil, Lucas Fiuza, as perspectivas são muito positivas, pois a corrente comercial chegou a esse patamar sem que houvesse esforço institucional concreto, como o que agora está sendo empreendido. “Bangladesh é um país de população grande, um mercado relevante, com um índice de crescimento elevado, pelo menos nos últimos 5 anos. É um mercado estrategicamente localizado no sul da Ásia, em que a população está enriquecendo, consumindo mais e nós temos como suprir todas as demandas deles”.
Setores-chave – O ministro de Relações Exteriores de Bangladesh, Shahriar Alam, destacou que a estabilidade política e os investimentos que têm sido realizados em setores-chave da economia, como o de infraestrutura, bem como ajustes nas regulações e legislação de comércio exterior, fazem com que o país seja um ótimo destino para investimentos e um excelente parceiro comercial para o Brasil. Ele se mostrou aberto a discutir mudanças em regulações sanitárias que facilitem a entrada de proteína animal e de outros produtos do gênero no país. “Nosso futuro é promissor e queremos que o Brasil seja um parceiro comercial próximo”, comentou.
Durante a mesa-redonda, foram discutidas oportunidades em outras áreas importantes, como, por exemplo, o de carne de frango. De acordo com o diretor de mercado da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luis Renato de Alcântara, o Brasil é o maior produtor e exportador global de carne de frango halal (uma certificação de qualidade específica requerida pelos países muçulmanos). “Qualidade e complementaridade são pilares de nossas práticas comerciais e temos certeza que podemos contribuir para esse mercado em Bangladesh”, concluiu.
Outro setor importante é o têxtil, pois o país é o segundo fornecedor de mão de obra neste setor em todo o mundo, atrás apenas do Vietnã, com 84% de suas exportações oriundas dessa indústria. Por essa razão, Bangladesh também é um destacado parceiro comercial para os produtores brasileiros de algodão. Mas as oportunidades não param por aí: segundo o representante da Câmara de Comércio Brasil-Bangladesh, Edwald Drummond, há outras áreas que podem se beneficiar muito do estreitamento das relações comerciais entre ambos os países, principalmente a de fármacos e couros, por exemplo. “A Câmara é uma ponte entre os dois países. Estamos distantes geograficamente, mas cada vez mais próximos, tanto pela expansão da nossa infraestrutura que proporciona mais portos e aeroportos para o transporte das exportações”, ressaltou.
O representante do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Embaixador Alex Giacomelli, disse que o país tem olhado com mais interesse para o sul da Ásia, onde países como Bangladesh têm apresentado um desenvolvimento notável. “O fortalecimento do comércio com essa região irá gerar benefícios para nossas comunidades e sociedades”, comentou. Brasil e Bangladesh mantêm relações diplomáticas desde 1972, sendo que 2022 marca o jubileu da amizade entre ambas as nações. Além disso, os dois países celebram datas marcantes este ano: os 50 anos da Independência de Bangladesh e o bicentenário da Independência brasileira.
Diversificação de setores – A mesa-redonda com a comitiva de Bangladesh foi organizada pela ApexBrasil como parte de uma série de agendas em função da missão comercial e diplomática ao Brasil, integrada pelo Ministro de Relações Exteriores, Shahriar Alam, pelo presidente da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria de Bangladesh (FBCCI), Jashim Uddin, entre outros representantes governamentais, de câmaras de comércio e jovens empreendedores. A embaixadora de Bangladesh no Brasil, Sadia Faizunneza, também integrou a comitiva.
Da parte brasileira, além dos diretores de Negócios e de Gestão Corporativa da ApexBrasil, Lucas Fiuza e Roberto Escoto, estavam presentes autoridades dos Ministérios das Relações Exteriores, e da Economia e representantes de setores-chave na relação comercial bilateral entre ambos os países. Tomaram parte na discussão a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA), Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Associação Brasileira da Indústria de Amendoins, Balas e Doces (Abicab), Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi) e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT).
Com informações da Apex Brasil