Ana Cristina Dib
O diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi, defendeu nesta terça-feira (14) a abertura comercial brasileira por meio de uma agenda ambiciosa de acordos. Segundo o diretor, as negociações com União Europeia e México continuam sendo as prioridades da agenda brasileira.
“As negociações com União Europeia e México, primeiro e sexto maiores parceiros do Brasil, merecem uma atenção especial, pois já se encontram em fase adiantada de negociação”, disse Abijaodi, durante a abertura reunião da Coalizão Empresarial Brasileira (CEB), em Brasília.
Acordo Brasil-México
Entre as prioridades da CNI para a agenda de 2018 está a conclusão das negociações de um acordo de livre comércio – ou de um acordo parcial, o mais amplo possível – entre o Brasil e o México.
O embaixador do México no Brasil, Salvador Arriola, que esteve presente na reunião da CEB, não entrou em detalhes sobre as negociações. Ele disse, no entanto, estar convencido da necessidade de aprofundar o acordo 53 (que envolve bens de diferentes setores e hoje possui apenas 800 produtos, sendo só metade deles livre de tarifas de importação) e manter o acordo 55 (que regula o comércio automotivo entre os dois países). O embaixador também afirmou que o governo mexicano está trabalhando para estabelecer mecanismos para promover encontros entre os setores privado mexicano e brasileiro.
De acordo com Arriola, o governo mexicano está elaborando uma proposta para criar um Conselho Empresarial Brasil-México, com lugar de destaque para a indústria e o setor agropecuário. O embaixador afirmou ainda que existem contatos também entre a Secretaria de Agricultura do México e o Ministério da Agricultura brasileiro.
“Temos notícias da ida de algumas delegações brasileiras ao México para analisar temas sanitários e fitossanitários nos próximos dias”, disse.
Por sua vez, Carlos Abijaodi afirmou que o Brasil quer se aproximar cada vez mais do país para descobrir oportunidades. “Gostaríamos e gostamos cada vez mais dessa aproximação com o México, que é um parceiro diferenciado para o Brasil pelas sinergias existentes, pela possibilidades de ampliar negócios, de realizar mais investimentos e de oferecer oportunidades para os dois lados”, disse Abijaodi.
Durante a coalizão, os representantes do setor empresarial também falaram sobre negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) e Canadá; com a Aliança do Pacífico e Chile; e com a Coreia do Sul.
Aliança do Pacífico
A CNI defende o aprofundamento da agenda de acordos comerciais entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico – bloco formado por México, Colômbia, Peru e Chile, principalmente como forma de retomar mercado nos quatro países.
Levantamento da CNI mostra que, no somatório, os países da Aliança do Pacífico representam o quinto maior destino das exportações do Brasil. No entanto, apesar de manter relevância no comércio, o Brasil perdeu participação nas importações de todos os países da Aliança do Pacífico ao longo da última década, com exceção do Chile.
Entre 2008 e 2017, a participação do Brasil no total de importações realizadas pelo México caiu de 1,7% para 1,3%. No caso da Colômbia, essa participação foi reduzida de 5,9% para 5% no mesmo período. No Peru, caiu de 8% para 6%. A única exceção é o Chile. A participação do Brasil nas importações daquele país cresceu de forma tímida, de 8,4% para 8,6% entre 2008 e 2017.
Mercosul
Outra prioridade da indústria brasileira é o fechamento de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Um entendimento entre os dois blocos estimulará investimentos europeus no Brasil e no Mercosul e contribuirá para a redução de custos.
O acordo de livre-comércio entre os dois blocos permitirá, por exemplo, a eliminação gradual de tarifas de importação hoje aplicadas pela União Europeia a produtos brasileiros.
A CNI defende que os ministros dos dois blocos estabeleçam diretrizes claras e definam um cronograma para a conclusão de um acordo político ainda em 2018. O acordo político é um passo definitivo em direção ao fechamento do acordo final de livre-comércio, que passaria a depender de ajustes técnicos.
Além disso, será realizada a primeira rodada de negociações entre o Mercosul e a Coreia do Sul. O país é importante parceiro nas importações brasileiras de bens e, cada vez mais, tem ampliado os investimentos no Brasil.
Por conta de sensibilidades dos dois lados, o escopo da negociação ainda não está definido e espera-se que a primeira rodada dê os contornos gerais da negociação.