PEQUIM, TÓQUIO — A China decretou nesta quinta-feira que fechará temporariamente suas fronteiras para estrangeiros com vistos ou autorizações de residência válidos, devido à pandemia da Covid-19, anunciou o Ministério das Relações Exteriores. A medida, que entrará em vigor às 0h locais de sábado (13h de sexta-feira no horário de Brasília) visa evitar a reincidência da disseminação em massa do vírus no país.
Em comunicado, Chancelaria afirmou que “é uma medida provisória que a China está sendo forçada a tomar para lidar com a epidemia”, citando medidas semelhantes adotadas por outros países.
Mais cedo, Pequim já havia ordenado que as companhias aéreas reduzissem drasticamente o número de vôos dentro e fora do país, pois Pequim teme que os viajantes do exterior possam reacender o surto de coronavírus que paralisou o país por dois meses.
A Administração da Aviação Civil da China (AACC) ordenou as companhias aéreas chinesas a manter apenas uma rota para qualquer país e limitar o número de voos para um por semana, a partir de 29 de março. Companhias aéreas estrangeiras também serão obrigadas a reduzir a suas rotas internacionais para a China e a operar apenas uma rota para o país.
Em comunicado, o órgão regulador afirmou que, “de acordo com a necessidade de contenção de epidemias, a AACC pode imprimir uma política para reduzir ainda mais o número total de vôos internacionais de passageiros”.
Cerca de 80% dos vôos internacionais já estavam sendo cancelados antes do anúncio, mas as companhias aéreas chinesas foram convidadas a não cortar suas rotas internacionais até o pedido feito nesta quinta-feira pela AACC.
Reforço também no Japão – O Japão, que até agora conseguiu evitar a disseminação em massa do coronavírus que atingiu a Europa e a América do Norte, também tomou novas medidas urgentes nesta quinta-feira para responder ao que o primeiro-ministro, Shinzo Abe, descreveu como uma “crise nacional”, após uma onda de casos em Tóquio.
Com 47 novos casos relatados na capital, Abe proibiu a entrada de cidadãos de 21 países europeus e do Irã e criou uma nova força-tarefa para crises — um passo preliminar para declarar estado de emergência, apesar de seu governo ter dito que não havia nada planejado nesse sentido.
— Para superar o que pode ser descrito como uma crise nacional, é necessário que o estado, os governos locais, a comunidade médica e o povo ajam como um só e avancem com medidas contra infecções por coronavírus — disse Abe em um encontro da força-tarefa.
Abe disse ainda que lançou a força-tarefa sob uma lei recentemente revisada, depois de receber um relatório que apontava uma grande chance de o vírus se espalhar amplamente pelo país.
Na noite de quinta-feira, o Japão tinha 1.369 casos domésticos de coronavírus, além de 712 do cruzeiro marítimo atracado perto de Tóquio, que durante um tempo chegou a ser a maior fonte de infecções fora da China, de acordo com registros da emissora NHK. Houve 46 mortes domésticas e 10 de passageiros do navio.
As autoridades japonesas temem que um aumento de casos sem fonte conhecida de infecção possa sinalizar uma nova onda maior.
Em Tóquio, o total diário de novos casos quase triplicou nos últimos quatro dias. Na última quarta-feira, a governadora Yuriko Koike já havia alertado para o risco de um aumento explosivo de infecções na capital. Koike pediu aos moradores que evitem passeios não essenciais até 12 de abril, especialmente no fim de semana.
A governadora solicitou ainda que as prefeituras vizinhas de Saitama, Chiba e Kanagawa pedissem a seus residentes que se abstivessem de viagens não urgentes e não essenciais a Tóquio, informou o jornal Nikkei. Mais tarde, o governador de Kanagawa pediu aos moradores que ficassem em casa neste fim de semana.
Mais tarde, Suga afirmou, no entanto, não haver necessidade de mudar o plano de reabrir as escolas no início de abril. Muitas fecharam no início deste mês a pedido de Abe.
— O governo e as autoridades locais cooperarão com a consciência de que este é um momento muito crítico para impedir a propagação do vírus — disse em entrevista coletiva o secretário-geral do gabinete, Yosihide Suga.