Yang Wanming
A China conclui este ano seu 13º Plano Quinquenal para o desenvolvimento socioeconômico. Ao longo dos últimos cinco anos, ao mesmo tempo em que buscava seu próprio crescimento econômico e social, a China promoveu as relações com os países latino-americanos e caribenhos a partir de uma perspectiva estratégica e de longo prazo. Além disso, aprofundou a cooperação mutuamente benéfica com a região e contribuiu para fomentar o crescimento econômico, o desenvolvimento social e a melhoria do padrão de vida da população.
A confiança mútua bilateral consolida-se cada vez mais. O presidente chinês Xi Jinping visitou cinco vezes a América Latina e manteve diálogos extensos e profundos com líderes latino-americanos em ocasiões bilaterais e multilaterais, levando adiante uma parceria abrangente pautada na igualdade, no benefício recíproco e no progresso comum. Em 2016, em seu segundo documento sobre a política para a América Latina, o governo chinês definiu com clareza os rumos da parceria bilateral. Essa parceria avança em todas as vertentes com a criação de plataformas de diálogo em uma dúzia de áreas como partidos políticos, infraestrutura, agricultura, empresas, ciência, tecnologia e inovação, juventude, think tanks, direito, meio ambiente, cooperação subnacional e organizações sociais. São garantias institucionais para implementar o consenso político e o planejamento das cooperações. Além disso, tem-se fortalecido a concertação entre os dois lados no âmbito de organizações internacionais e mecanismos multilaterais, como as Nações Unidas, Apec, G20 e Brics, salvaguardando efetivamente os interesses comuns dos países em desenvolvimento.
O enfrentamento conjunto da Covid-19 avança a passos largos. Desde o início da pandemia, o presidente Xi Jinping tem mantido o diálogo por telefone e por correspondência com vários chefes de Estado da região, e manteve com eles importantes consensos sobre o enfrentamento conjunto da Covid-19 e a materialização do progresso comum. Até o momento, a China doou a 30 países latino-americanos mais de 27 milhões de itens de suprimento de saúde, como máscaras, aventais de proteção e kits de testes, além de 1.100 ventiladores pulmonares. Organizou mais de 30 videoconferências para troca de experiências de enfrentamento e auxiliou esses países na aquisição de grande quantidade de materiais na China.
Empresas e laboratórios dos dois lados mantêm parcerias na pesquisa de vacina contra o novo coronavírus. O governo chinês vai honrar o compromisso de tornar suas vacinas um bem público global para garantir, prioritariamente, sua disponibilidade e preço acessível nos países em desenvolvimento. Com isso, daremos apoio ao povo da América Latina e de toda a comunidade internacional na luta vitoriosa contra a Covid-19.
A parceria econômica e comercial ganha novo ímpeto. Em 2018, o volume do comércio bilateral ultrapassou pela primeira vez a casa dos US$ 300 bilhões. Nos últimos cinco anos, a China manteve-se na posição do segundo maior parceiro comercial da América Latina, e maior parceiro comercial do Brasil, Chile, Peru Uruguai. No primeiro semestre deste ano, apesar dos impactos negativos, o comércio de itens do agronegócio aumentou 18,3%. Pela primeira vez, diversas frutas da região entraram no mercado chinês, como é o caso do melão brasileiro, da laranja chilena e do limão argentino. Atualmente, a América Latina é a maior origem de produtos agrícolas importados pela China, que, por sua vez, é o maior destino de exportação desses itens do Brasil, Argentina e Uruguai.
Além disso, a América Latina é o segundo maior destino dos investimentos chineses, atrás apenas da Ásia. Dezenove países da região já assinaram um memorando de entendimento com a China no quadro da iniciativa “Cinturão e Rota”. A China instalou mais de 2.500 empresas na América Latina, investiu mais de US$ 430 bilhões e criou mais de 1,8 milhão de empregos em termos cumulativos. As duas partes também desenvolvem formas variadas de cooperação financeira. Dos US$ 35 bilhões de linha de crédito para a região, mais de US$ 22 bilhões já foram efetuados, beneficiando mais de 110 projetos em mais de 20 países latino-americanos e caribenhos, em uma ampla gama de setores como infraestrutura, tecnologia, informação e capacidade produtiva. O Fundo de Cooperação Brasil-China para a Expansão da Capacidade Produtiva, com um aporte de US$ 20 bilhões, também fornece apoios a projetos específicos de cooperação bilateral.
Os intercâmbios culturais e interpessoais vêm ganhando impulso. Nos últimos cinco anos, tornou-se cada vez mais intenso o diálogo entre órgãos legislativos, autoridades locais, imprensa e think tanks, enquanto prosperaram as parcerias nos setores de educação, cultura, turismo e esportes. Para atender à crescente demanda por cursos de língua e cultura chinesas na América Latina, o Instituto Confúcio abriu, em 21 países da região, 42 unidades, 12 salas de aula e um centro regional. A China está implementando iniciativas como o fornecimento de 6 mil bolsas governamentais e 10 mil vagas de cursos variados de capacitação, além de convites a mil líderes de partidos políticos de países da América Latina e do Caribe para visitar a China.
Os fatos comprovam que a cooperação China-América Latina é baseada no respeito mútuo e segue os ideais de igualdade, benefício recíproco, abertura, inclusão e cooperação ganha-ganha, criando, assim, um exemplo bem-sucedido de cooperação Sul-Sul. O 14º Plano Quinquenal da China entrará em vigor noano que vem. Esse plano terá como ponto principal um novo paradigma de desenvolvimento, em que a circulação doméstica será o esteio e as circulações doméstica e internacional se reforçarão mutuamente. Uma China com maior nível de abertura, maior ritmo de inovação e maior demanda de mercado trará mais oportunidades para o Brasil e os demais países latino-americanos. A China está disposta a se unir e cooperar com todos os países da região para trazer mais benefícios aos nossos povos e fazer novas contribuições para a paz, a estabilidade e a prosperidade mundiais.
Yang Wanming é embaixador da China no Brasil