Pequim, China – Os dirigentes do Partido Comunista Chinês (PCC) celebraram neste sábado o que chamaram de êxito “extraordinário” no combate à covid-19, a poucos dias da chegada ao país de uma missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) que tentará determinar as origens do coronavírus. O governo chinês foi muito criticado dentro e fora de suas fronteiras pela maneira como administrou o surto do vírus em Wuhan, no centro do país, no fim de 2019.
Mas neste sábado, a direção do PCC comemorou o “papel decisivo” do partido diante dos “riscos e desafios estranhos deste ano” e por ter adotado uma “perspectiva a longo prazo que permitiu uma vitória gloriosa e extremamente extraordinária neste ano totalmente insólito”, de acordo com um comunicado divulgado pela agência estatal Xinhua.
A China afirma que em apenas alguns meses conseguiu erradicar o coronavírus graças a uma severa política de confinamento nas cidades afetadas. Além disso, o país será o único que registrará um resultado econômico positivo este ano.
Mas a China é criticada por ter ocultado o surgimento do vírus, o que permitiu a propagação pelo mundo inteiro do novo coronavírus. Ao menos oito pessoas que criticaram as políticas governamentais no início da crise foram punidas de alguma maneira no país. Por exemplo, o jornalista Zhang Zhan, cujas reportagens em Wuhan no início do ano mostravam o caos das primeiras semanas, foi detido e será julgado a partir de segunda-feira.
As declarações de autocomplacência chinesa acontecem poucos dias antes da chegada de uma missão da OMS ao país, que visitará, entre outras cidades, Wuhan, para investigar as origens do vírus, concretamente para tentar entender como a doença passou do animal para o homem.
A investigação não está destinada a “jogar a culpa em um país ou algumas autoridades, e sim a tentar entender o que aconteceu para evitar que volte a acontecer”, afirmou esta semana uma fonte da OMS à AFP.
A China tentou recentemente gerar dúvidas sobre a origem do vírus. “Todas as evidências disponíveis mostram que o coronavírus não começou em Wuhan, no centro da China”, publicou recentemente o site do jornal Diário do Povo, sem entrar em detalhes.
O governo de Pequim também prometeu compartilhar sua vacina com os países em desenvolvimento e fornecer máscaras e outros materiais de proteção aos países que precisam de ajuda.