“O Conselho de Segurança deve tomar medidas”, disse Wang Yi, citado pela agência France-Presse (AFP), na reunião do órgão tida por videoconferência, recordando que a China, juntamente com a Noruega e Tunísia, esteve na origem de um projeto de texto desde há uma semana.
Para o chefe da diplomacia chinesa, “por causa da obstrução de um país, o Conselho de Segurança não foi capaz de falar a uma só voz”, pedindo a Washington que “assuma as suas responsabilidades” na Organização das Nações Unidas (ONU).
A reunião de hoje é a terceira – e a primeira pública – do Conselho de Segurança desde segunda-feira (dia em que se iniciou a atual escalada de violência), organizada por iniciativa da China, da Noruega e da Tunísia.
Nas duas primeiras sessões, na segunda-feira e na quarta-feira, os Estados Unidos, isolados, opuseram-se à adoção de uma declaração que visava deplorar as vítimas civis, apelar ao fim das hostilidades e reafirmar o projeto de uma solução de dois Estados vivendo lado a lado, Israel e Palestina, com base nas resoluções da ONU, de acordo com os diplomatas.
O Conselho de Segurança da ONU é a única instituição a não ter tomado posição oficial sobre o conflito. Hoje, as negociações prosseguem para a redação de um texto, mas os Estados Unidos continuam a estar reticentes, indicaram à AFP diplomatas, sob condição de anonimato.
Até ao momento, Washington salientou a necessidade de dar tempo à diplomacia de bastidores para chegar a um cessar-fogo, acreditando que uma declaração do Conselho seria “contraproducente”, uma posição não compreendida por uma maioria dos membros, nomeadamente os aliados tradicionais dos Estados Unidos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Palestina, Riyad al-Maliki, acusou hoje Israel de “crimes de guerra” perante o Conselho de Segurança da ONU, denunciando a “agressão” contra o povo palestiniano e os seus lugares sagrados.”Alguns não querem usar essas palavras – crimes de guerra e crimes contra a humanidade -, mas sabem que é a verdade”, disse Riyad al-Maliki.
Por seu lado, Israel defendeu hoje nas Nações Unidas a sua campanha de bombardeamentos a Gaza, que já fez quase 200 mortos, incluindo 58 crianças, afirmando que está a tomar todas as medidas possíveis para proteger civis. O embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, responsabilizou o movimento islamita Hamas pelas mortes de civis, argumentando que se Israel usa bombas para proteger as suas crianças, o Hamas usa crianças para proteger os seus mísseis.
O conflito israelo-palestiniano pode transformar-se numa crise “descontrolada” humanitária e de segurança, com consequências extremas em toda a região do Médio Oriente, alertou hoje o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), descrevendo um cenário “chocante”.
António Guterres descreveu, na reunião, a “carnificina” e hostilidades “terríveis”, considerando que a violência “empurra para mais longe o horizonte de qualquer esperança de coexistência e paz”.