O crescimento da energia solar no Chile tem sido tão grande que, em algumas partes do país, a eletricidade renovável chegou ao preço zero aos consumidores durante 113 dias. No ano passado, isso aconteceu por 192 dias. É esperado que neste ano o período seja ainda maior.
Mesmo que pareça uma notícia positiva, este cenário é um verdadeiro problema para a economia local. A situação expõe uma grande deficiência estrutural, que não acompanhou os investimentos em novas usinas.
Em entrevista à Bloomberg, Rafael Mateo, diretor executivo da Acciona AS, empresa de energia que tem investido no Chile, explicou que os investidores estão perdendo dinheiro. “O crescimento foi desordenado”, acrescentou o executivo, cuja empresa está aplicando US$ 343 milhões em um projeto de 247 megawatts em território chileno.
O maior problema do Chile são as redes de transmissão, dificuldade semelhante ao que acontece no Brasil, com usinas eólicas paradas por falta de estrutura para o transporte da energia. Os chilenos contam com duas grandes redes, uma central e outra ao norte do país. No entanto, elas não se conectam. Assim, o que é produzido acaba tendo que ser consumido localmente. Outro problema é a capacidade de transmissão, que nem sempre suporta a carga produzida.
Para resolver esse problema, o governo local anunciou o plano de construir uma grande linha de transmissão com três mil quilômetros, que deve ligar as duas grades de rede até 2017. Outra linha, com 753 quilômetros deve ajudar a resolver os congestionamentos e nas linhas da rede central de distribuição, onde os excedentes de energia fizeram os preços caírem a zero.
Fonte: Ciclo Vivo