Evento gastronômico é realizado pela embaixada do México em parceria com o IICA
Em homenagem às cozinhas ancestrais, a embaixada do México no Brasil, em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), juntamente com os chefs Sumito Estevez e Marco Antonio Melendez, receberam convidados para apresentar propostas culinárias utilizando utensílios e ingredientes tradicionais das regiões brasileiras do norte e nordeste.
O evento aconteceu na manhã, no dia 27, na sede do IICA em Brasília e reuniu embaixadores, representantes e membros do corpo diplomático, autoridades, imprensa e amigos do México.
A embaixadora no México no Brasil, Laura Esquivel, aproveitou a ocasião para compartilhar com o público um texto de sua autoria: “Cozinha ancestral: o ouro escondido”. Em palavras poeticas, Esquivel transmite, com muita delicadesa, a mensagem de que costumes antigos, trazidos para tempos presentes, significam expansão e multiplicação.
A natureza, um ambiente que a todos pertence, é fonte de vida e de alimentos que devem ser compartilhados e preservados. Segundo a embaixadora mexicana, a ganância humana, gerou desequilíbrio ecológico e uma crise alimentar.
Um dos aspectos destacados por Esquivel foi a questão recente envolvendo a subnutrição extrema em uma aldeia de Yanomamis, povos originários dotados se um rico conhecimento Botânico, utilizando diversas plantas como medicamentos, alimentos e artefatos variados.
A constante degradação do ambiente, principalmente pelo garimpo ilegal, que serve de habitat para povos indígenas, influencia diretamente na aquisição de alimentos e consequentemente na segurança alimentar dessas populações pela ausência de locais propícios para plantação e animais para caça, por exemplo.
Manuel Otero, diretor-geral do IICA em Brasília, deixou claro em seu discurso que “o resgate da culinária tradicional é um Patrimônio cultural que precisa ser valorizado e preservado, pois carrega consigo a história de nossos países. Além disso, tem papel fundamental na sustentabilidade e na segurança alimentar, uma vez que se baseia em ambientes indígenas, que apresentam o conhecimento tradicional da terra e dos recursos naturais”.
Sublinhou também que no Brasil, espalhados pelo território, existem diversos povos originários, onde cada um carrega sua culinária e tradições específicas. “Muitas dessas tradições estão sendo perdidas. A marginalização e a colonização desses povos ao longo dos anos, foi um dos fatores dessa perda. E é fundamental que lutemos pela preservação dessas tradições”, completou Otero.
Segundo ele, o México é um exemplo a ser seguido, pois é um país que valoriza e preserva com unhas e dentes sua ancestralidade, incluindo a culinária em todo seu sabor, individualidade e beleza. “A gastronomia mexicana é abrangente e funde agricultura, costumes, práticas e ritos que foram herdados de suas comunidades no passado, mas apesar disso, o povo não deixa de inovar na cozinha”.
O representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, Rafael Zavala, enfatizou em sua fala a importância da culinária tradicional, que além de ser mais sustentável, ela também envolve alimentos de verdade, essenciais para o bom funcionamento do organismo de todos os seres humanos.