Liz Lôbo
Fotos: Eliane Loin
Embaixadas africanas fazem festa beneficente para comemorar o Dia da África, 25 de maio.
A data é lembrada em todo o mundo pela criação da Organização de Unidade Africana (OUA), em 1963, na Etiópia, acontecimento que marcou o início de um ciclo caracterizado pelo apoio de uma organização continental às lutas de libertação do colonialismo.
Em Brasília, o Grupo de Cônjuges de Embaixadores Africanos (GCEA), realizou um jantar de gala no Clube Naval com gastronomia e danças de vários países daquele continente, além de decoração típica. Ao todo, 35 sedes diplomáticas participaram do evento festivo.
Em seu discurso, o embaixador dos Camarões, Martin Mbeng, destacou o potencial daquelas nações e pediu união diante dos desafios de países com tantas diferenças. “Precisamos de paz, segurança, estabilidade e parceiros econômicos; falar em uma só voz, apesar de sermos um continente de contrastes. Que nossa diversidade seja respeitada. Juntos somos mais e melhores”, afirmou. A seu ver, a África está vencendo a luta contra a corrupção. Mbeng também lembrou os ancestrais africanos que é a descendência de muitos brasileiros. “Esse evento é a expressão da solidariedade e da estreita relação de cooperação entre os dois povos”, disse.
Fattimata Yattara Traore, embaixatriz de Mali e presidente do GCEA, agradeceu a colaboração de todos que apoiaram a realização do evento cuja renda será, segundo ela, destinada a entidades sociais do Distrito Federal. “Todos que compraram o convite se tornaram cooperadores do trabalho filantrópico do nosso grupo”, disse em seu discurso. Por mim, propôs aos convidados uma viagem ao continente africano. “Da África do Norte para a África do Sul, passando pela África Central; depois Leste e Oeste, degustaremos da cultura e da gastronomia de vários países”, garantiu.
Representando o Itamaraty, o embaixador Marcos Galvão lembrou a visita do ministro das Relações Exteriores, Aloísio Nunes àquele continente que, a seu ver, “ilustram a prioridade permanente que a África representa na política externa brasileira”. “O Oceano Atlântico, outrora palco do sofrimento daqueles que foram arrancados de suas terras e trazidos, à força, para o Brasil, é hoje testemunha de um rico e variado intercâmbio”, discursou. Galvão lembrou ainda da paixão pelo futebol que une brasileiros e africanos. Por fim, falou da importância do Acordo Continental Africano de Livre Comércio a integração de todo o continente assinado há 55 anos e que trouxe desenvolvimento para todas as nações.
Dia da África – A data refere-se ao dia em que 32 chefes de estado africanos reuniram-se em Addis Abeba, Etiópia, no dia 25 de maio de 1963. Encontro que teve como objetivo, defender e emancipar o continente africano, libertando-o do colonialismo e do apartheid. Os líderes presentes com o objetivo de tirar a África das mãos do domínio Europeu, assinaram uma carta de fundação e criaram a OUA (Organização de Unidade Africana). A divisão da África entre os europeus foi definida pela Conferência de Berlim, entre os anos de 1884 e 1885, e dava aos europeus o direito às riquezas humanas e naturais do continente.
A Organização das Nações Unidas (ONU), ao ver a importância desse encontro, instituiu em 1972 o Dia da África. O dia também representa também um profundo significado da memória coletiva dos povos do continente e a demonstração de objetivo comum de unidade e solidariedade dos africanos na luta pelo desenvolvimento econômico do continente.
A OUA, mostrou-se incapaz de resolver os conflitos surgidos continuamente em toda a parte do continente, os indicadores econômicos ainda não eram animadores, e em várias partes do continente os ocorriam golpes de estado e guerras civis. Assim, no dia 12 de Julho de 2002, o último presidente da OUA, o sul-africano, Thabo Mbeki proclamou solenemente o fim da Organização de Unidade Africana e o nascimento da União Africana (UA), com foco ainda em superar os desafios que o continente estava tendo.
Contudo, resolveu-se manter a comemoração do Dia da África no dia 25 de Maio, pois foi a data em que foi tomado o ponto de partida do desejo de uma África livre, com seus governos, sonhos, desenvolvimento e progresso. A data a é celebrada em diversos países ao redor do mundo. No Brasil esse dia serve pra promover o reconhecimento da importância da interseção da história e da cultura africana com a história brasileira e mais uma oportunidade para organizar festividades culturais como, exposições, filmes, debates e conferências sobre questões importantes para o povo negro.
Apesar de essa comemoração ocorrer em diversos países do mundo e em todos países do continente africano. Somente em Gana, Mali, Namíbia, Zâmbia e o Zimbabwe, tem o Dia da África, como feriado.