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A diversidade brasileira manifestada no Carnaval
O Carnaval, festa marcada no calendário oficial de feriados nacionais, possui formas de se celebrar no Brasil tão diversas como a pluralidade cultural do País. Os primeiros registros de celebração datam do período colonial. O jeito de festejar que, para muitos, é a “cara” do Brasil, é resultado da fusão de costumes europeus com tradições africanas e indígenas.
A festa vai muito além do samba-enredo e dos desfiles de escolas de samba, com destaque – pelas dimensões do espetáculo – aos que do Rio de Janeiro e de São Paulo. No entanto, no quesito variedade, o Nordeste alcança nota máxima: a região abriga diferentes tipos de manifestações durante os dias de folia, em especial nas cidades do interior.
A herança das nações negras se materializam no Maracatu – música cantada e dançada ao som de instrumentos de percussão, violas e flautas, com forte presença em Pernambuco. No mesmo estado, o carnaval também é comemorado por meio dos Caboclinhos, termo que denota o mestiço de branco com índio, o caboclo. O nome é o mesmo que dá nome à dança rural, de passos rápidos, que usa como marcação os estalidos das preacas (uma espécie de chicote) e as batidas dos arcos e flechas, que enlevam os estandartes e as fantasias coloridas.
A cerca de 100 km da capital pernambucana, outro exemplo diferente é visto no município de Bezerros, que mantém a tradição centenária da Folia do Papangu. Eles reúnem centenas de pessoas com máscaras pelas ruas da cidade. Ainda que o ritmo predominante seja o frevo, os foliões, com a herança italiana, acrescentam à indumentária, além do pequeno guarda-chuva, meias, perucas e máscaras.
No meio do sertão pernambucano fica a cidade de Triunfo, onde realiza há décadas o desfile dos Caretas – foliões mascarados, com chicote na mão e tabuletas nas costas com ditos populares. Uma das diferenças entre Caretas e o Papangu é o uso do chapéu de cangaceiro, semelhante ao do lendário Lampião.
Também da herança europeia, Pernambuco conta com a presença do Urso ou La Ursa na sua folia. Homens ou mulheres se fantasiam deste animal, acompanhado ou não do “dono do urso” ou de um “caçador”. Há cidades que fazem, inclusive, competições para eleger as melhores fantasias.
Nas cidades de Recife e, principalmente, em Olinda, um das grandes atrações justamente chama a atenção pelo tamanho: os Bonecos Gigantes. Alguns, com mais de três metros de altura, descem e sobem as ladeiras das cidades. Confeccionados de papel, tecidos e madeira, são conduzidos pelas ruas pelo folião que o veste por cima e lhe empresta suas pernas, para conduzi-lo pela cidade.
Os bonecões chegaram ao país com os portugueses, sendo usados em festividades religiosas e, partir da década de 1930, passaram a alegrar os olindenses, com a criação do boneco do “Homem da Meia Noite”. Atualmente, políticos e artistas famosos são transformados nos bonecos gigantes. Bonecões, Ursos, Caboclinhos, Papangus e Caretas, todos desfilam nas ruas, com performances gratuitas, fazendo troças, mogangas (caretas e trejeitos) e brincadeiras com moradores e turistas.
O colorido da festa também tem uma expressão particular no Maranhão. Uma das figuras mais tradicionais na capital São Luís é o Fofão, cuja fantasia é composta por um macacão de chita ou de cetim bem folgado e colorido com guizos nas extremidades, além disso, utiliza uma máscara feita de papel machê ou borracha. Dentro da encenação que o envolve, ele oferece bonecas às pessoas, que devem agradecer o presente com alguma quantia em dinheiro. A brincadeira também consistia em perseguir até o fim da festa aqueles que não pagassem pelas bonecas.
La Ursa na folia Pernambucana
Histórico – O Carnaval é mais uma das celebrações pagãs que foram incorporadas, a partir da Idade Média, pela Igreja Católica, para marcar os dias que antecedem a quarta-feira de Cinzas – que registra o início da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, a festa cristã de comemoração da ressurreição de Jesus Cristo.
Para quem opta pela folia em vez de sossego, as comemorações no Brasil ocorrem em clubes, sambódromos ou nas ruas. São Paulo e do Rio de Janeiro têm como marca os desfiles de escolas de samba. A Bahia, com o maior carnaval do Nordeste, tem o festejo na rua. É por lá que foliões com abadás (camiseta coloridas que identifica os pagantes de determinado bloco de carnaval) tomam as vias de Salvador, lado a lado com aqueles que preferem ficar na pipoca, local onde ficam as pessoas sem abadás ou ingressos para camarotes, mas que acompanham os trios elétricos.
Pela dimensão econômica, o feriado que, ao unir samba, desfiles e as imagens de belas mulheres, virou sinônimo da imagem do Brasil no exterior e movimenta toda uma economia baseada nos setores de serviços, turismo, lazer e cultura. De acordo com dados do Ministério do Turismo, apenas os viajantes brasileiros movimentaram R$ 6,6 bilhões no período em 2015.
Camila Campanerut
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura
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