A Câmara de Comércio Árabe Brasileira preparou uma agenda especial voltada a novas formas de conexão e novas tecnologias no ano em que comemora 70 anos de fundação. O ponto alto da programação para 2022 será o Fórum Econômico Brasil-Países Árabes, que ocorre em 04 de julho no Hotel Renaissance, em São Paulo, em formato híbrido. O evento é realizado a cada dois anos, sendo uma grande oportunidade de interação para negócios e networking, pois reúne empresários e autoridades dos países árabes e do Brasil. São esperadas 400 pessoas no evento presencial e 2.600 no ambiente virtual, que será transmitido ao vivo para todos os países árabes.
O presidente da Câmara Árabe, embaixador Osmar Chohfi, percorreu vários países fazendo convites para diplomatas, autoridades e empresários para participar do fórum. Todo o time da Câmara árabe está integrado, todos os escritórios no Brasil e no exterior estão comprometidos em entregar o melhor para o evento, de acordo com a Diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara de Comércio Árabe Brasil, Silvana Gomes. Em entrevista exclusiva à Embassy Comunicação, ela falou sobre os preparativos para o fórum, da participação das embaixadas, da importância dos panelistas de 15 países diferentes e dos temas a serem abordados. Leia abaixo a íntegra a íntegra da entrevista.
Qual a expectativa da Câmara Árabe em relação a este fórum?
A Câmara Árabe organiza este fórum há seis anos. Na última edição em 2020, foi totalmente online por causa da pandemia, pela impossibilidade de termos eventos presenciais. Foi uma edição de uma semana, com muito conteúdo e cerca de 10 mil participantes online. Na edição anterior, que foi totalmente presencial, em 2018, tivemos em torno de mil participantes. Em 2020, então, foi um sucesso absoluto, as pessoas estavam ávidas por conteúdo online presencial e online. Agora em 2022, nós temos a possibilidade de oferecer tanto um conteúdo presencial como online, mas celebrando a volta de grandes comitivas árabes ao Brasil. Nós teremos cerca de 100 participantes entre empresários, autoridades, influenciadores, árabes importantes de diversos países vindo para o Brasil, constatando essas novas oportunidades de negócios que se abriram.
Teremos uma temática forte, que deixará grande legado, autoridades dos dois lados, do Brasil e do Mundo Árabe, ampliando esse relacionamento e discutindo todas as mudanças ocorridas nos últimos anos, que foram um tanto drásticas para nós, mas que também representaram uma grande oportunidade de diversificação da pauta de exportações e dos investimentos bilaterais. O Brasil vem mostrando um grande potencial para receber investimentos. Da mesma forma, temos brasileiros olhando para os países árabes, interessados em oportunidades de negócios, atraídos, por exemplo, pelas grandes facilidades logísticas existentes nesses países para a internacionalização, além do fornecimento direto de mercadorias. Não só para a região do Golfo, mas todo o continente africano de maneira geral e, por que não, outros países próximos, como os do Mediterrâneo. A gente vê com boas expectativas este fórum, de uma maior aproximação empresarial, governamental e outros stakeholders importantes, para explorar essas possibilidades de diversificação de pauta e de investimentos. Também no aspecto da inovação, a gente traz uma série de temáticas de desconstrução de padrões. Sob o aspecto de inovação, por exemplo, vamos discutir tecnologias que podem promover um ambiente de negócios mais intenso e interativo, mas sem perder a perspectiva de cada desconstrução vivida. Saímos de um mundo analógico para um ambiente de negócios totalmente digitalizado que causa, ao mesmo tempo, insegurança no meio empresarial e traz desafios de conexão em relação à troca tradicional de mercadorias e serviços. Queremos propor uma discussão profunda sobre esse novo mundo, trazer as tecnologias que podem contribuir com os empresários e cases de sucesso que possam inspirar as pessoas. O fórum será essa grande fonte de inspiração para o empresariado, sobre como se adequar ao que está por vir, sobre o que precisamos considerar neste momento novo. Nós temos aqui na Câmara um processo de transformação digital que implica em apostar e investir em soluções tecnológicas para integrar demais Câmaras de Comércio e negócios em diferentes pontos do globo por meio de tecnologias como a Blockchain.
O que o Brasil tem de maior atrativo para os países árabes, na opinião da senhora?
O Brasil é muito forte no fornecimento de alimentos para o mundo e a gente tem do outro lado os árabes procurando suprir suas necessidades quanto à segurança alimentar. Então eles olham, sim, para o Brasil, para a possibilidade de fornecer mais alimentos. Mas a Câmara tem pesquisas que mostram oportunidades em outros produtos, mirando a diversificação da pauta de comércio. Temos, por exemplo, associados oferecendo cosméticos, artigos de moda e outros produtos de valor agregado, com a ajuda de nossas atividades, inclusive internacionais, que os conectam com empreendedores de outros países árabes. Vale destacar que, na via oposta, também há muito interesse dos árabes pelo mercado brasileiro. Nós tivemos recentemente a APAS Show, feira na qual participamos com dois estandes, com participação de 25 empresas árabes, que foi um recorde.
Entre os participantes do Fórum existe algum ou alguns considerados mais relevantes? A senhora destacaria algum?
Todos os palestrantes são extremamente importantes para nós, não dá para destacar um. O que vou destacar é o diferencial deste fórum, que são suas temáticas ligadas à inovação. No âmbito do “Legado”, a gente vai falar não só das contribuições da Câmara Árabe que está comemorando 70 anos, mas também das transformações geopolíticas e sociais que ocorreram ao longo dos anos nos países árabes e no Brasil e que geraram uma oportunidade de aproximação maior dos árabes com os brasileiros. Com isso, esperamos proporcionar novas oportunidades de negócios bilaterais, novas trocas de produtos e serviços, bem como investimentos de ambos os lados. Vamos destacar também os grandes eventos realizados nos países árabes, que definitivamente os fizeram entrar na rota dos brasileiros que viajam a negócio ou turismo. Os Emirados Árabes Unidos realizaram a Expo 2020. O Egito terá em breve a COP 27. O Catar realizará a Copa do Mundo. O brasileiro hoje olha para os países árabes e sabe onde estão essas nações no mapa. Muitos já foram visitá-las ou tem vontade de fazê-lo. Assim, o Brasil está cada vez mais presente nessas nações pelo fornecimento de alimentos, produtos e serviços diversos e amplamente reconhecidos, numa troca que se amplia a cada dia, como podemos ver por exemplo na relação Brasil-Egito, recentemente beneficiada pelo Acordo de Livre Comércio firmado com o Mercosul. Vamos falar desse legado todo, de como a gente pode aumentar ainda o fluxo de negócios entre os países.
Então a escolha dos palestrantes foi a partir deste novo cenário?
Exatamente. [Priorizamos] pessoas capazes de trazer esse debate com propriedade e atualidade. A mesma coisa em relação aos debates de inovação. Temos pessoas que estão olhando para grandes tendências, que estão trabalhando com tecnologia, entre elas empresas dos países árabes que têm aumentado vendas online tremendamente. Então, para aproveitar a oportunidade oferecida pelo novo consumidor árabes, totalmente conectado, é que a gente traz o contexto atual da blockchain, da digitalização, do metaverso, da nova forma de fazer negócios no meio digital, querendo a partir disso que surjam mais parcerias árabes-brasileiras. Então a gente vai ter diversidades de perfis nos painéis, garantindo um debate saudável e que depois cada moderador de cada painel vai fazer um fechamento dessa contribuição que o fórum está dando com a sua realização.
Alguns critérios a gente adota na seleção dos participantes, a gente preza pela diversidade porque é ela quem garante que tenhamos uma discussão muito rica. Então nós temos participantes de painéis de 15 países diferentes. Nós temos 22 países integrantes da Liga Árabe. Então não é um evento só de uma das regiões árabes. A gente quer garantir que se tenha speakers da maior parte dos países árabes representados aqui neste fórum porque é Brasil e países árabes, países árabes e Brasil.
Outro critério é ter mulheres. A gente tem um projeto dentro da Câmara que se chama Wahi que, em árabe significa inspiração. Assim, estamos falando de mulheres inspiradoras, que estão à frente dos negócios, são empoderadas. Portanto, elas, sim, foram priorizadas na nossa escolha. Em todos os países temos representantes femininas, mulheres que são superpoderosas que vão enriquecer ainda mais esta discussão. Este é o contexto da relevância dos palestrantes, são todos relevantes para nós.
As embaixadas árabes em Brasília estão apoiando/participando do evento? De que forma vocês fizeram essa aproximação das embaixadas em Brasília?
As embaixadas são nossas parceiras, fazem parte do nosso dia a dia. Certamente todos os embaixadores árabes foram convidados e muitos já confirmaram.
Inscrições para o fórum podem ser feitas no site : https://forumeconomico2022.ccab.org.br/