Bruna Garcia Fonseca
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Abu Dhabi – Para estreitar as relações com o emirado de Abu Dhabi, o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Osmar Chohfi, e o secretário-geral da entidade, Tamer Mansour, realizaram visitas à Câmara de Comércio e Indústria de Abu Dhabi e à Zona Industrial Khalifa (Kizad), subsidiária da zona industrial de propriedade da Abu Dhabi Ports, a operadora portuária estatal do emirado, neste domingo (07).
Na Kizad, eles foram recebidos pelo chefe do cluster de Cidades Industriais e Zona Franca, Abdullah Al Hameli, pelo diretor comercial, Khalid Al Marzooqi e pelo vice-presidente de Mercados Estratégicos e Desenvolvimento de Produtos, Siddharth Bafna.
Chohfi convidou os representantes da zona industrial a visitar o Brasil e participar do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes, que ocorrerá em julho do ano que vem, data em que a entidade completa 70 anos. “O fórum será uma boa oportunidade pra vocês conhecerem possíveis parceiros”, disse. Ele lembrou que Al Marzooqi visitou o Brasil antes da pandemia, e reiterou que a sede da Câmara Árabe é “a casa” da Kizad em São Paulo.
O embaixador Chohfi falou ainda sobre os processos de modernização e digitalização da Câmara Árabe no último ano, com a criação do Ellos, que contém uma plataforma de Market Place e um sistema de Blockchain. “É a Câmara Árabe 4.0 se adaptando à nova economia”, disse.
Mansour completou, informando que a iniciativa do Blockchain da Câmara Árabe já está funcionando na Jordânia, e disse que é importante conectar a plataforma à zona industrial de Abu Dhabi para reduzir tempo e custos com a implementação de documentos digitais. “Queremos em um futuro próximo conectar nosso blockchain com a Kizad e com os Emirados Árabes, fazendo essa integração para que as empresas possam acessar a Kizad em nosso Market Place, e para facilitar o trâmite para as empresas brasileiras que querem se estabelecer aqui”, disse Mansour. O plano, de acordo com ele, é expandir esse sistema pra todos os países árabes.
Hameli informou que a Kizad utiliza a plataforma Maqta Gateway, o “braço digital” da Abu Dhabi Ports, segundo ele. É um sistema digital global utilizado para facilitar o comércio de mercadorias. A ideia seria que o blockchain da Câmara se integrasse a esse sistema já existente. O executivo disse que tem interesse que mais empresas brasileiras venham para a zona industrial, e que têm inúmeras ofertas à disposição das indústrias que queiram se estabelecer.
Al Marzooqi informou que há vinte empresas brasileiras na Kizad, entre elas, a BRF, gigante de proteína animal e uma das maiores empresas na zona industrial. Além do setor de alimentos, que representa cerca de 50% dos negócios da Kizad, os executivos informaram que a zona está aberta a todos os setores da economia, como polímeros, peças de automóveis, petróleo e gás, fármacos, tecnologia, entre outros.
Chohfi mencionou ainda a criação do CCAB Lab, um espaço dedicado a fomentar iniciativas de startups entre brasileiros e árabes. Hameli informou que a Kizad conta com o Block 7, uma empresa de investimento e desenvolvimento de tecnologia imobiliária com centros de inovação em todo o mundo.
Mansour disse que quer organizar roadshows para que os representantes da Kizad visitem os estados do Sul do Brasil, como o Paraná, que têm empresas de médio e grande porte com grande potencial para investir na zona industrial. Ele deu como exemplo o setor de rochas ornamentais. “Eles podem trazer as rochas para cá e industrializar aqui”, disse.
Câmara de Abu Dhabi – Na Câmara de Comércio de Abu Dhabi, Chohfi e Mansour foram recebidos pelo presidente, Abdullah Al Mazrui (na foto de abertura). Ele disse que vê muitas oportunidades para investimentos bilaterais. Abdulla Mohamed Almazrui
Mansour e Chohfi convidaram Al Mazrui para participar do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes em julho do ano que vem. O árabe nunca esteve no Brasil. “Estamos mais do que contentes em fazer de tudo para apoiar o comércio e os negócios entre os dois países”, disse Al Mazrui. Eles falaram sobre a possibilidade de assinarem um acordo de entendimento entre as entidades. “É um ambiente muito favorável para o comércio entre nossos países, e nossas câmaras podem ser pontos focais para os negócios”, disse Chohfi, mencionando ainda a criação de um Conselho Empresarial Brasil-Emirados Árabes Unidos.
Participaram das reuniões o chefe do escritório internacional da Câmara Árabe em Dubai, Rafael Solimeo, a gerente de Relações Institucionais da entidade, Fernanda Baltazar, o assessor regional no Conselho de Cooperação do Golfo, Iraque e Iêmen, Shaheen Ali Shaheen, e o executivo de Negócios Internacionais Noury Dweidary. O próximo emirado a ser visitado será Ajman, nesta terça-feira (09).