Instituição financia empresários gaúchos em uma ação para buscar mercado entre países muçulmanos e banca a taxa de inscrição de empresas do Rio Grande do Sul inscritas em rodada de negócios do Projeto Halal do Brasil
Câmara de Comércio Árabe Brasileira pagou inscrição para empresas do Rio Grande do Sul que estavam registradas para participar de rodadas de negócios com importadores de países muçulmanos antes da tragédia climática enfrentada pelo estado. Objetivo foi gerar oportunidades de negócios e ajudar a revigorar a economia. As reuniões ocorreram de segunda-feira (5) a quarta-feira (7) na capital paulista e colocaram exportadores para negociar com importadores de Omã, Catar, Líbano, Jordânia, Emirados, Tunísia e Malásia.
As empresas gaúchas apoiadas estavam inscritas para as rodadas de negócios antes da tragédia climática que assolou o Rio Grande do Sul no último mês de maio e manifestaram a intenção de declinar da participação no projeto depois do acontecido.
O Projeto Halal do Brasil, que realizou as rodadas, é promovido pela Câmara Árabe com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para aumentar o fornecimento de alimentos brasileiros de valor agregado para os países com consumidores muçulmanos. O Rio Grande do Sul tem empresas no projeto e já recebeu ações do Halal do Brasil no estado, como um roadshow em abril.
A diretora de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, conta que a instituição tinha um olhar para o Rio Grande do Sul em função das fortes chuvas e enchentes que atingiram o estado. “A Câmara Árabe entendeu que era preciso fomentar o comércio e fazer com que se mantivessem as possibilidades de novos negócios para o estado”, diz.
Com isso, a instituição resolveu absorver parte do custo de participação das empresas já inscritas nas rodadas de negócios pagando a taxa de inscrição de US$ 350. “Fizemos isso dentro do nosso papel de fomentar o comércio. Fazendo negócios é toda uma cadeia que é movimentada dentro do estado, a economia vai sendo restabelecida”, explica Baltazar. O Rio Grande do Sul é um fornecedor de produtos ao mercado árabe e faturou US$ 1,6 bilhão com vendas para a região em 2023.
Gaúcha Josapar
A Josapar, empresa de alimentos conhecida principalmente por sua marca de arroz Tio João, é uma das indústrias gaúchas que já exporta ao mercado árabe e muçulmano. A companhia participa das rodadas de negócios com o intuito de ampliar as vendas, segundo o diretor adjunto de Comércio Exterior da Josapar, Luciano Targa Ferreira.
Além da divisão de alimentos, que comercializa produtos como feijão, farinhas, misturas para bolos e leite em pó, entre outros, a holding Josapar possui a divisão Supremo Insumos, pela qual abastece os produtores rurais parceiros com insumos necessários para produzir, e a Real Empreendimentos Imobiliários, voltada a essa área.
A empresa foi afetada de diversas formas pela tragédia, desde por ter que retirar seu estoque de fertilizantes de unidade no Sul do estado, até por causas indiretas como a logística gaúcha que foi muito destruída, com queda de pontes e interrupção de estradas dificultando o transporte da produção, e pelos problemas que os funcionários enfrentaram no seu dia a dia com as enchentes.
A Josapar trabalha de forma integrada com produtores rurais que fornecem os alimentos que ela processa e comercializa, fornecendo os insumos como sementes e fertilizantes, dando acompanhamento técnico aos cultivos e fazendo rastreamento da produção. “Toda vez que a cadeia produtiva sofre, nós sofremos também”, disse para a ANBA o diretor Luiz Eduardo Yurgel que atua em Comércio Internacional na empresa.
Entre as dificuldades causadas pelas enchentes, Yurgel relata a ruptura nas entregas pelos produtores e problemas com a distribuição pela companhia no mercado doméstico em função da situação das estradas. A Josapar, porém, não deixou de exportar, já que embarca via um porto que foi pouco afetado pelas enchentes, o Porto de Rio Grande, que fica na região do Sul do Rio Grande do Sul, onde a empresa também opera. Os alimentos beneficiados pela companhia em outras regiões do Brasil que não o Sul gaúcho chega ao porto via navegação de cabotagem.
“Fizemos questão de estar na rodada (do Projeto Halal do Brasil) em função da importância que o mercado árabe tem para nós”, afirmou Ferreira para a ANBA. A Josapar exporta para países árabes como Arábia Saudita e já fez embarques para outros como Iraque, Líbano e Emirados. A empresa quer retomar mercados para os quais não está vendendo atualmente e ampliar o abastecimento para os atuais destinos. As rodadas de negócios fazem parte do Projeto Comprador, pelo qual importadores de países muçulmanos foram convidados para estar no Brasil para as reuniões com as empresas brasileiras, além de outras atividades que os permitirão conhecer mais de perto a produção nacional de alimentos de valor agregado. Entre esta quinta-feira (8) e o sábado (10) o grupo visitará Minas Gerais, Goiás e o Paraná.
Fonte: ANBA