Diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, afirma que deve haver aumento da demanda no Oriente Médio, nações asiáticas e africanas.
A diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori (na imagem acima), afirmou nesta quarta-feira (06) que há uma perspectiva de aumento de demanda de produtos do agronegócio pelos países árabes nos próximos anos. Durante a entrevista coletiva em que a instituição apresentou o balanço do setor em 2023 e perspectivas para 2024, ela afirmou que alguns países, como China, outras nações asiáticas e africanas têm uma perspectiva de crescimento de demanda em razão aumento populacional e de renda. O mesmo, disse, também se reflete nos países árabes.
Segundo Mori, o mercado árabe tem aumentado a demanda de alimentos, área na qual tem uma dependência muito grande de fornecedores externos. “A perspectiva é muito positiva. Recebemos neste ano muitas delegações de países árabes buscando estreitamento para usar Dubai como hub para processamento, usar facilidades que o governo oferece para atender a região com produtos que não chegam lá. A expectativa é de ampliar [as remessas] dos produtos que já vão [exportados atualmente] e [iniciar ou ampliar] de produtos como nozes, noz pecã, café e usar a estrutura que eles têm para abastecer a região”, afirmou. Ela lembrou que a CNA tem escritório em Dubai.
De forma geral, embora tenha considerado 2023 um ano difícil para o agronegócio, a CNA apresentou um crescimento das exportações do setor com recuperação dos embarques de arroz e um aumento da competitividade do açúcar no mercado externo devido a problemas na produção gerados por adversidades climáticas na Tailândia e na Índia, o maior produtor mundial da commodity.
De acordo com dados apresentados por Sueme, as exportações do agronegócio brasileiro já tinham superado, em outubro e em proporção ao total das exportações brasileiras, o desempenho de todo o ano de 2022. “Tivemos até outubro um crescimento de 3% nas exportações”, afirmou. Os principais destinos das remessas indicados pela CNA em 2023 foram China, União Europeia, Estados Unidos, Japão e Argentina.
Até outubro, as exportações do agronegócio, segundo a CNA, somaram US$ 140 bilhões, com perspectivas de chegarem a US$ 164 bilhões e destaque para os embarques de soja, que cresceram 10,7%; açúcar, com expansão de 31,7%; e milho, com ampliação de 21,4%. As vendas de café caíram 16,3% e as de carne bovina in natura, 25,2%.
A perspectiva, porém, é que 2024 seja desafiador porque os preços de commodities deverão se manter e porque o consumo não deverá crescer de forma expressiva. Ainda não se sabe, disse o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, qual será o desempenho da safra de soja em dezembro e em janeiro. Porém, se for menor do que a última safra, deverá impactar direta e negativamente na produção da safra de milho.
“Tivemos uma safra recorde, em que atingimos mais de 320 milhões de toneladas (em 2023), clima bom, com exceção de seca severa no Rio Grande do Sul, mas no País foi positivo. Porém, como tínhamos dito, seria uma safra cara e foi. Foi um ano caracterizado por margens muito estreitas tanto na agricultura como na pecuária”, disse Bruno. O presidente da CNA, João Martins, disse que este “não foi um ano fácil” para a agropecuária brasileira.
Fonte: ANBA