A ONG Transparência Internacional divulgou nesta quarta-feira (25) seu relatório anual de 2016 sobre a percepção da corrupção no mundo. No ranking de 176 nações pesquisadas, o Brasil aparece na posição 79, empatado com Belarus, China e Índia.
A pontuação do ranking vai de 0, considerado extremamente corrupto, a 100, apontado como muito transparente. O estudo sobre a percepção que a população tem da corrupção entre servidores públicos e políticos é baseado nos dados coletados por 12 organizações internacionais, como o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento ou o Fórum Econômico Mundial. Em ano de impeachment e de recorde de fases da Operação Lava Jato, o Brasil obteve 40 pontos, dois a mais do que em 2015. Apesar dessa ligeira melhora na pontuação, o país caiu três posições em comparação a 2015, devido ao aumento do número de países envolvidos no estudo, 176 contra 168 há dois anos.
A Transparência Internacional aponta que a posição brasileira no ranking caiu “significativamente” nos últimos anos devido aos escândalos de corrupção que envolvem políticos e empresários. O coordenador do programa Brasil da ONG, Bruno Brandão, entrevistado pela Folha de S.Paulo, avalia que a percepção da corrupção no Brasil segue estagnada porque com o impeachment “saiu um governo manchado de corrupção e entrou o do presidente Michel Temer (PMDB)] que já mostrou falta de integridade na nomeação de seus cargos”. Apesar disso, o país mostra que é possível responsabilizar os envolvidos nos escândalos que eram até então considerados intocáveis, aponta o estudo.
Em relação ao continente americano, Jessica Ebrard, da Transparência Internacional, ressalta que não apenas más notícias marcaram o ano. Ela lembra que do Panamá Papers, em abril, até a multa recorde de US$ 3,5 milhões paga pela Odebrecht em dezembro nos Estados Unidos, “2016 foi um bom ano na luta contra a corrupção no continente”.
Campeões da transparência internacional – No ranking de 2016, Nova Zelândia e Dinamarca foram considerados os países mais transparentes, com 90 pontos. Na outra ponta, está a Somália, com 10. A França está na 23ª posição, com 69 pontos, e os Estados Unidos no 18° lugar.
Ao divulgar o relatório, a Transparência Internacional denuncia “um círculo vicioso, formado pelas desiguladades sociais e pela corrupção que se alimentam mutuamente e provocam a alta do populismo”. Esse círculo tem que ser combatido. A afirmação da ONG, baseada em Berlim, é um recado indireto ao novo presidente americano Donald Trump. “O populismo é um péssimo remédio. Os países que escolhem dirigentes autocratas caem no ranking mundial”, afirmou à AFP o diretor de pesquisa da Transparência Internacional, Finn Heinrich.