Na véspera dos BRICS, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, se reuniu na quarta-feira (23) com autoridades de gênero dos Emirados Árabes Unidos, Mona Almarri, e da China, Lin Yi
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, recebeu nesta quarta-feira (23) a vice-presidenta do Conselho de Equilíbrio de Gênero dos Emirados Árabes Unidos, Mona Almarri, e a vice-presidenta da Federação das Mulheres de Toda a China, Lin Yi, com quem debateu possibilidades de cooperação na promoção da igualdade de gênero, empoderamento de mulheres e enfrentamento às violências. A secretária-executiva do Ministério das Mulheres, Maria Helena Guarezi, também participou das reuniões bilaterais, que ocorreram na véspera da Reunião Ministerial de Mulheres dos BRICS, que ocorre em Brasília nesta quinta-feira (24).
Os Emirados Árabes Unidos demonstraram grande interesse em explorar parcerias e intercambiar boas práticas em políticas e iniciativas de empoderamento de mulheres e meninas. As áreas mais sensíveis, segundo a vice-presidenta Mona Almarri, são autonomia econômica e enfrentamento à violência contra a mulher, bem como serviços de apoio às vítimas.
“Gostaria de aproveitar esta oportunidade para fortalecer a cooperação entre os Emirados Árabes Unidos e o Brasil, especialmente no que diz respeito às políticas para as mulheres. Temos grande interesse em discutir temas como a inclusão feminina em conselhos corporativos, a construção de projetos conjuntos, a economia do cuidado e a igualdade salarial — um tema sobre o qual recentemente avançamos em nosso país. Também ouvimos falar com entusiasmo sobre a Casa da Mulher Brasileira e gostaríamos de conhecer mais essa experiência e propor intercâmbios que nos permitam crescer juntas”, disse Mona Almarri.
Sobre a erradicação da violência de gênero, a ministra Cida Gonçalves explicou sobre a mobilização permanente pelo Feminicídio Zero; sobre o funcionamento da Central de Atendimento à Mulher – o Ligue 180; sobre as Casas da Mulher Brasileira e Centros de Referência da Mulher Brasileira – assim como o Programa Mulher Viver Sem Violência; e as estratégias em discussão para o combate à misoginia online, um desafio global.
Nas duas reuniões foram tratados os temas igualdade salarial, mudanças climáticas com perspectiva de gênero e transformação digital com oportunidades para mulheres e meninas.
Igualdade salarial – Acerca de experiências de equidade laboral e salarial, a ministra Cida Gonçalves falou sobre a Lei de Igualdade Salarial – sancionada em 2023 pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – e os planos e medidas implementados pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego após constatação das disparidades salariais entre homens e mulheres revelados nos Relatórios de Transparência Salarial. Ela frisou a importância da lei como base para outras políticas.
Almarri demonstrou interesse em parcerias para aumentar a participação de mulheres em setores econômicos estratégicos e emergentes e relatou que os Emirados Árabes Unidos já promovem com maestria a representação feminina na educação nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), um dos desafios brasileiros. Segundo ela, os Emirados Árabes Unidos tiveram sucesso em atingir alta representação feminina na educação e em liderança, com 70% dos graduados universitários e 57% dos graduados em STEM sendo mulheres. Foram implementadas leis locais que exigem remuneração igual e representação feminina em conselhos de empresas.
Os EAU têm também práticas para promoção da participação de mulheres em diversos campos, segundo Almarri, que descreveu a adoção da Estratégia de Equilíbrio de Gênero 2022-2026, cujo objetivo é tornar o país modelo global de equilíbrio de gênero, baseado em quatro pilares: participação econômica e empreendedorismo, inclusão financeira, bem-estar e qualidade de vida, proteção e liderança e parcerias globais.
30 anos da Plataforma de Ação de Pequim
Na agenda com a vice-presidenta da Federação das Mulheres de Toda a China, Lin Yi, a ministra Cida Gonçalves tratou também, entre outros temas, das comemorações dos 30 anos da Conferência e da Plataforma de Ação de Pequim. Historicamente, Brasil e China são parceiros genuínos na agenda de gênero, com pontos de alinhamento na defesa de princípios como soberania nacional, desenvolvimento sustentável, redução da pobreza e autonomia econômica das mulheres.
A ministra Cida falou sobre a importância histórica da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim como marco fundamental para os direitos das mulheres em todo o mundo. Ela reforçou o compromisso do Brasil com a cooperação Sul-Sul [entre países em desenvolvimento] e a necessidade do fortalecimento de parcerias estratégicas com a China em diversas áreas pela promoção da igualdade de gênero.
“É fundamental fortalecer a parceria entre o governo brasileiro e a China. Mais do que isso, é importante que essa colaboração também se estenda entre as mulheres dos dois países”, reforçou a ministra Cida Gonçalves.
Políticas de Cuidado – A ministra Cida versou abordou a aprovação da Política Nacional de Cuidados no Brasil, que representa um marco importante para o reconhecimento e valorização do trabalho de cuidado não remunerado. A política está estruturada para promover a autonomia econômica das mulheres e a corresponsabilidade entre Estado, mercado, comunidade e famílias.
Desenvolvimento econômico – A ministra expressou interesse em conhecer as políticas chinesas de redução da pobreza com foco nas mulheres, especialmente em áreas rurais. Ela solicitou informações sobre as estratégias bem-sucedidas para promover o empreendedorismo feminino e a inclusão das mulheres no mercado de trabalho na China.
Desenvolvimento sustentável – No contexto das mudanças climáticas, os países pretendem cooperar nas temáticas sustentabilidade e o desenvolvimento brasileiro do Plano Clima. O Brasil sediará, em novembro, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) e, segundo a ministra das Mulheres do Brasil, é mais uma oportunidade para discutir a sustentabilidade com a perspectiva de gênero.
Transformação digital – As cooperações entre os países também passam pelas transformações digitais e o impacto delas na vida das mulheres. O acesso às novas tecnologias e a participação das mulheres nas soluções tecnológicas foram citadas na reunião.
Os Emirados Árabes Unidos, representados pelo Conselho de Equilíbrio de Gênero, participaram da reunião ministerial sobre assuntos da mulher do grupo BRICS, realizada em Brasília – Brasil. O encontro abordou temas como o empoderamento econômico das mulheres, seu papel no empreendedorismo, ação climática, desenvolvimento sustentável, governança digital, além do combate ao discurso de ódio e à violência de gênero no espaço digital.
A delegação dos Emirados contou com a presença de Sua Excelência Mona Ghanem Al Marri, vice-presidente do Conselho, Sua Excelência Moza Al Ghowais Al Suwaidi, secretária-geral, e Maitha Al Hashmi, diretora de Estudos Estratégicos e Legislação.
A visita incluiu encontros com a Ministra da Mulher do Brasil e representantes da África do Sul, China e Rússia, além de uma visita à Embaixada dos Emirados em Brasília.
Fonte: Ministério das Mulheres