Reem Al Hashimy acredita que a relação entre Brasil e Emirados é estratégica e que sua delegação está explorando as oportunidades que o país oferece. Afirmou esperar ampla participação dos brasileiros na COP28, em Dubai.
Em visita ao Brasil, a ministra de Estado para Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos, Reem Al Hashimy discursou na abertura do Encontro Econômico Brasil-Emirados Árabes Unidos, que ocorreu em Brasília nesta quinta-feira (15). Reem disse que a relação entre os dois países é estratégica e que sua delegação de 52 pessoas, incluindo empresários de grandes indústrias do país, está explorando as oportunidades que o Brasil tem a oferecer. Ela também afirmou que o Brasil é visto como um líder nas questões climáticas e espera ampla participação do País na Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP28), em Dubai.
O Brasil e os Emirados Árabes vêm estreitando vínculos diplomáticos e comerciais e sua relação já tem 50 anos. Reem declarou que espera que com o acordo de livre comércio Mercosul-Emirados Árabes Unidos, a relação comercial se amplie ainda mais. “É importante que continuemos a cooperar de forma multilateral”, disse a ministra. O país árabe ainda não possui um acordo com o bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, irá sediar a COP28 entre novembro e dezembro deste ano. “Nós contamos com parceiros como o Brasil, que tem longa história de credibilidade em apoiar ações climáticas e mobilização de financiamento verde. Eu gostaria de destacar a inovação de suas pequenas e médias empresas (PMEs), do setor de tecnologia, todas que contribuirão de forma positiva não apenas ao sucesso da COP28, mas mais importante, ao impacto de resultados voltados ao sucesso da sua região, na qual o Brasil é líder”, declarou.
Reem Al Hashimy falou ainda sobre a COP30, que será sediada em Belém do Pará, no Norte do Brasil. “Continuaremos com ações ambiciosas após a COP28 e espero que nossas equipes e setores privados possam pensar na COP de Dubai como um ponto de partida para a COP30”, declarou.Ela destacou a possibilidade de ações conjuntas em financiamento climático, soluções baseadas na natureza e transição energética focada em um processo justo, além de mencionar a importância dos povos indígenas e de sua saúde.
“Será uma verdadeira cooperação Sul-Sul, essas são as prioridades atuais da COP28. Além de governos, o setor privado deve nos levar a isso, dependemos de vocês, da sua inovação, do seu senso de pragmatismo e praticidade e seus negócios voltados a um propósito, porque hoje as empresas não pensam apenas no lucro, mas em propósito”, finalizou.
O Encontro Econômico Brasil-Emirados Árabes Unidos ocorreu na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e foi organizado pela instituição juntamente com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, também falou na abertura do evento. Ele lembrou a missão que a entidade promoveu à Expo 2020 Dubai, no final de 2021, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). “Algumas parcerias importantes foram firmadas durante a missão, gerando a expectativa de ampliar em mais de US$ 67 milhões as exportações de produtos brasileiros”, disse Andrade.
O presidente da CNI destacou que ainda este ano a entidade irá coordenar uma nova missão empresarial brasileira ao país árabe. “Desta vez, para participar da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que começa no fim de novembro, em Dubai”.Andrade afirmou que a indústria brasileira está comprometida em reduzir e neutralizar as emissões de gases de efeito estufa para contribuir com o esforço global de evitar o aquecimento do planeta. “Na COP28, pretendemos apresentar projetos bem-sucedidos na área de sustentabilidade, que podem inspirar planos de outras empresas para a conservação do meio ambiente e para a descarbonização da economia”, disse.
O presidente da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, mencionou que os países árabes em conjunto ampliaram as compras no mercado brasileiro desde o início de 2023, e que somente os Emirados Árabes Unidos compraram o equivalente a US$ 1,2 bilhão em mercadorias entre janeiro e maio.“Este comércio inclui uma variedade de produtos, entre alimentos, bebidas, autopeças, artefatos da indústria de transformação, entre outros itens que levaram os Emirados à posição de segundo maior comprador do Brasil dentre os países árabes”, disse. Chohfi declarou que a Câmara Árabe já está na contagem regressiva para a COP28 em Dubai. “Esse evento certamente trará imensos benefícios para as políticas ambientalistas globais e consequentemente abrirá portas para novos nichos de colaboração, pesquisas e investimentos”, disse.
O embaixador dos Emirados Árabes Unidos no Brasil, Saleh Alsuwaidi, mencionou a histórica visita do presidente Lula aos Emirados em abril deste ano, e disse que espera que a parceria estratégica entre os dois países seja expandida. “Convido a comunidade brasileira a aproveitar o que os Emirados Árabes Unidos têm a oferecer”, disse. Ainda no evento, o diretor-geral da COP28, Majid Al Suwaidi, participou de um painel sobre sustentabilidade e a COP28. Ele afirmou que deseja que esta seja uma COP inovadora, e que isso não pode ser feito sem incluir todas as partes interessadas, como os setores público e privado, a juventude, as ONGs, a sociedade civil, os povos indígenas, entre outros.
O diretor-geral mencionou que os Emirados têm diversas parcerias público-privadas de sucesso e que essas parcerias são fundamentais para atingir os objetivos da COP, de mitigação das mudanças climáticas, de redução de emissões de carbono, do fundo de perdas e danos, de adaptação, segurança alimentar e água, entre outras. “Queremos entregar uma COP que nos orgulhe”, finalizou.
No evento, falaram também Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI; Fábio Galindo, CEO do Future Carbon Group; Rodrigo Justus, consultor jurídico e de Meio ambiente da Coordenação de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); Fernanda Cândido Baltazar, diretora de Relações Institucionais da Câmara Árabe; Frederico Lamego, superintendente de Negócios Internacionais do Senai; Guilherme Bez Marques, Relações Institucionais Internacionais da BRF; Christopher Moreland, diretor sênior do Mubadala; João Paulo Paixão, diretor da Dubai Chamber em São Paulo; e Marcos Vale, analista de Investimentos da ApexBrasil. O secretário-geral e CEO da Câmara Árabe, Tamer Mansour, e o vice-presidente de Relações Internacionais da instituição, Mohamad Orra Mourad, participaram do evento.