Aproximar Brasil e Indonésia em setores estratégicos, a fim de aumentar o volume de comércio entre os países e aprofundar a presença brasileira na Ásia. Esta foi a pauta da reunião realizada na tarde desta quarta-feira (20) na sede da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) entre seu diretor de Negócios, Lucas Fiuza, e o Embaixador da Indonésia, Edi Yusup. A ideia é aproveitar a presidência rotativa da Indonésia à frente do G20, grupo formado pelos ministros de economia e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia, e alguns dos eventos que o país está organizando para impulsionar as oportunidades de intercâmbio financeiro e comercial entre ambas as nações.
Rações animais, açúcares e produtos de confeitaria, algodão e cereais são os produtos que mais foram exportados pelo Brasil para a Indonésia em 2021, chegando a um total de US$ 2 bilhões em vendas. Já as importações somaram US$ 1,8 bilhão, com ênfase em gorduras e óleos vegetais ou animais, eletroeletrônicos, veículos e borracha. Brasil e Indonésia tiveram, no ano passado, portanto, uma corrente de comércio da ordem de US$ 3,8 bilhões. Para aumentar esse fluxo, o embaixador da Indonésia destacou a importância do apoio brasileiro. “Nossos países têm correntes de comércio muito altas, mas o volume bilateral ainda é baixo. Queremos aumentar nossas vendas bilaterais. Esse ano, temos várias oportunidades para isso e contamos com o apoio da ApexBrasil”, disse ele.
Uma delas é a Cúpula do Business 20 (B20), o fórum oficial de diálogo do G20 com a comunidade empresarial global, que ocorre paralelamente à Cúpula do G20, que será realizada nos dias 13 e 14 de novembro deste ano, em Bali. Até lá, o governo indonésio ainda prevê dois grandes fóruns de negócios para os quais conta com a participação brasileira: um em São Paulo, para tratar da cooperação bilateral entre ambos os países, que está sendo organizado com o auxílio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e outro em Jakarta, para promover rodadas negociais, que também será aberto para mais países. Ambos os eventos estão previstos para setembro deste ano.
Lucas Fiuza ressaltou o interesse da ApexBrasil em participar e apoiar as iniciativas. “Esses eventos trazem muitas oportunidades para o Brasil e, certamente, iremos cooperar. A Indonésia é um parceiro importante, é muito bom estarmos nos aproximando de outros países da Ásia novamente, o que é um trabalho diário. Só para se ter uma ideia, ontem tivemos uma reunião com o ministro de Relações Exteriores de Bangladesh, hoje cedo com representantes de Singapura e agora com a Indonésia”, comentou. Segundo o diretor de operações da ApexBrasil na Ásia, Rodrigo Gedeon, as relações com o país são estratégicas. “Além da China e do Japão, a Indonésia é a nossa prioridade na Ásia. Para setembro, o Ministério das Relações Exteriores tem programada uma missão empresarial ao país e, certamente, iremos articular a participação dos integrantes nos fóruns”, completou.
Oportunidades de negócios – O embaixador da Indonésia ainda sinalizou o desejo de cooperar em setores-chave, como o têxtil, o agro e o de biocombustíveis. Segundo ele, a Indonésia ficou muito tempo dependente de um único fornecedor de carne bovina e de animais para formar seu rebanho, o que não favoreceu o mercado com outras nações. No entanto, nos últimos anos, o governo tem tomado medidas em relação às barreiras sanitárias para que possa importar carne bovina e material genético brasileiro. O etanol é outro foco da nação asiática, que produz um biocombustível a partir do óleo de palma. “Nós temos interesse em organizar um diálogo, o Ethanol Talks, para iniciar e aprofundar o intercâmbio e a cooperação técnica neste tema”, disse ele.
Outra área de grandes oportunidades é a defesa. O embaixador confirmou que a Indonésia está adquirindo aviões e artefatos desse setor, e que o Brasil é um parceiro importante. As indústrias de fármacos e equipamentos médicos também podem ser exploradas. Segundo Lucas Fiuza, “o Brasil acaba de flexibilizar seu marco legal para Zonas de Processamento de Exportações. A nova legislação é flexível e possibilita que as empresas operem aqui e que exportem 100% da sua produção ou, se acharem mais adequado, que reorientem seu foco para o comércio local, por exemplo. Para isso, será preciso apenas fazer uma notificação.” O diretor ainda destacou que o novo marco facilita a atração de negócios e investimentos para o Brasil e mostrou que a Agência pode auxiliar as empresas indonésias a se fixarem aqui.
Com informações da Apex Brasil