Itamaraty considera que essa posição viola o direito internacional e prejudica a possibilidade de paz
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu nota na 6ª feira (5.jan.2024) criticando as recentes declarações de autoridades de Israel defendendo a emigração dos palestinos da Faixa de Gaza. Nos últimos dias, 2 ministros de Israel defenderam o deslocamento da população de Gaza para outros países.
“O governo brasileiro tomou conhecimento, com preocupação, de recentes declarações de autoridades do governo de Israel que desejam promover a emigração da população palestina da Faixa de Gaza para outros países, assim como o restabelecimento de assentamentos israelenses naquele território”, informou o Itamaraty.
Segundo o governo brasileiro, “ao proporem medidas que constituem violações do Direito Internacional, declarações dessa gravidade aprofundam tensões e prejudicam as perspectivas de alcançar a paz na região”. O direito internacional proíbe o deslocamento forçado de populações e a aquisição de territórios por meio da guerra.
No dia 31 de dezembro, em entrevista a uma rádio de Israel, o ministro das Finanças do país, Bezalel Smotrich, defendeu a emigração dos palestinos de Gaza. Ele afirmou que “se houver 100 mil ou 200 mil árabes em Gaza e não 2 milhões de árabes, toda a discussão no dia seguinte será totalmente diferente”.
O ministro israelense completou que, somente assim, Israel poderia “fazer o deserto florescer, isso não acontece às custas de ninguém”. Essa mesma posição foi defendida pelo ministro da Segurança de Israel, Itamar Bem-Gvir.
Além do Brasil, a União Europeia, países árabes, a ONU (Organização das Nações Unidas) e os Estados Unidos criticaram as declarações. Segundo o Departamento de Estado norte-americano, a fala seria “inflamatória e irresponsável”.
“Temos sido claros, consistentes e inequívocos ao afirmar que Gaza é terra palestiniana e continuará a ser terra palestiniana, com o Hamas já não a controlar o seu futuro e sem grupos terroristas capazes de ameaçar Israel”, afirma o governo norte-americano.
De acordo com o OCHA (Escritório de Direitos Humanos da ONU), os bombardeios em Gaza continuam tanto no sul quanto no norte e no centro do enclave palestino. Estima-se que 1,9 milhão de pessoas, ou seja, 85% da população de Gaza, abandonaram suas casas por causa da guerra.
Além disso, mais de 1,1 milhão de crianças palestinas correm o risco de morrer por doenças evitáveis e falta de água e alimentos em Gaza, afirmou a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Fonte: Agência Brasil.