BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro, em publicação no Twitter, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convidou o Brasil para participar da cúpula do G7 deste ano, no que seria uma vitória para o Planalto. O grupo, que reúne as maiores economias do mundo (EUA, Alemanha, Canadá, França, Reino Unido, Itália e Japão), terão os americanos como anfitriões da reunião de 2020.
O encontro estava previsto para ocorrer em junho, mas, devido à pandemia de coronavírus, Trump anunciou que ele poderá ocorrer em setembro ou novembro. Mesmo o calendário do final do ano ainda está em dúvida por conta da crise sanitária.
“Conversei, na tarde de hoje, com o presidente Donald Trump, a quem agradeci o envio de 1.000 respiradores, sendo que 50 serão cedidos ao Paraguai. Também conversamos sobre o G7 expandido, o qual o Brasil deverá integrar, bem como questões do aço brasileiro”, escreveu o presidente, referindo-se a uma ligação telefônica mantida com o americano na tarde desta segunda-feira (1º).
Trump disse há poucos dias que gostaria de ver o G7 ampliado, um fórum que ele classificou como desatualizado. Na ocasião, sem citar o Brasil, ele afirmou que a Rússia deveria ser readmitida no grupo e que também convidaria Austrália, Índia e Coreia do Sul para comparecerem à cúpula deste ano.”Eu não acho que o G7 representa de forma adequada o que está acontecendo no mundo”, disse Trump no sábado (30) a um grupo de repórteres, segundo o jornal The New York Times.
Não está claro se Trump defende uma expansão de fato da aliança -o que precisaria do apoio dos demais membros- ou se ele quer que Rússia, Austrália, Índia, Coreia do Sul e, agora, segundo Bolsonaro, Brasil participem apenas como convidados da reunião de 2020, uma prerrogativa do anfitrião.
Se a meta de Trump for a ampliação permanente do G7, há fortes resistências entre os membros. O Canadá, por exemplo, já manifestou publicamente que é contrário à reinserção da Rússia, excluída após ter anexado a Crimeia da Ucrânia.
O governo americano revelou ainda que Trump gostaria de discutir durante a cúpula a situação da China, hoje a maior antagonista dos EUA na arena global.Devido ao alinhamento de Bolsonaro a Trump, a ausência do Brasil nas recentes declarações de Trump foram interpretadas como uma derrota do governo e desencadearam críticas contra a estratégia pró-EUA conduzida pelo ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores).Nações convidadas pelo país anfitrião do G7 normalmente participam de parte dos debates, mas não de todo o programa dos encontros.
Para Bolsonaro, seria a oportunidade de estar presente, como observador, num dos principais fóruns de decisão mundial -num ambiente onde também estariam líderes que já foram criticados pelo brasileiro, como Emmanuel Macron (França) e Angela Merkel (Alemanha).
A reunião do ano passado ocorreu na França, e Bolsonaro, embora ausente, fez parte dos debates.À época, o Brasil estava sob forte pressão internacional por conta da crise de queimadas na Amazônia, e Macron chegou a sugerir um “status internacional” para a floresta, o que desatou a ira de Bolsonaro e da ala militar do governo.O governo brasileiro afirma que, naquela reunião, Trump foi o responsável por impedir que esse tipo de debate avançasse, reafirmando a soberania do Brasil na região. A reportagem procurou a embaixada dos EUA em Brasília para comentar a publicação de Bolsonaro, mas ainda não obteve resposta.