As bolsas asiáticas abriram a segunda-feira (6) em forte baixa após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar no domingo (5) que o país vai aumentar para 25% as tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses importados.
A bolsa de Xangai abriu o dia em forte baixa de mais de 5%. A de Shenzhen, a segunda mais importante da China, despenca 4,95%. A de Hong Kong cai 2,44%.
A bolsa de Tóquio está fechada devido a um feriado nacional no Japão, mas o índice futuro da Nikkei opera em queda de 2,4%.
Os mercados também operam em queda em Taiwan, em Singapura, na Austrália e na Indonésia.
Anúncio de Trump
Trump anunciou a medida em uma rede social: “os 10% vão até 25% na sexta-feira [dia 10]”. O presidente dos EUA também lamentou que as negociações comerciais entre os dois países estejam avançando “muito lentamente”.
O presidente americano também disse que pretende atingir US$ 325 bilhões em produtos chineses com tarifas de 25% “em breve”.
O “Wall Street Journal” informou que a China estava considerando cancelar as negociações programadas para esta semana após a ameaça de Trump.
O editor-chefe do jornal “Global Times” afirmou que é “muito improvável” que o vice-premiê chinês, Liu He, vá aos Estados Unidos nesta semana.
“Deixe Trump elevar as tarifas. Vamos ver quando as negociações comerciais poderão ser retomadas”, disse Hu Xijin em uma rede social.
O Global Times é um jornal publicado pelo People’s Daily, do Partido Comunista chinês.
Guerra comercial
Há anos, os EUA reclamam que a China gera ao país um considerável déficit comercial (que é a diferença entre os produtos exportados e os importados entre os países).
Trump também alega que o país asiático rouba propriedade intelectual, especialmente no setor de tecnologia, e viola segredos comerciais das empresas americanas, gerando uma concorrência desleal com o resto do mundo.
Por isso, o combate aos produtos “made in China” é uma bandeira de Trump desde a campanha presidencial de 2016.
A meta do governo Trump era reduzir em pelo menos US$ 100 bilhões o rombo com a China.
Só que há controvérsia até no cálculo do tamanho buraco: nas contas de Trump, é de US$ 500 bilhões; nas da China, é de US$ 275,8 bilhões. Já os dados oficiais dos EUA apontam para um déficit de US$ 375 bilhões ao ano.
Alta recente
As bolsas vinham subindo forte neste ano, impulsionados pelo ânimo dos investidores com os sinais de melhora no relacionamento entre os dois países e o avanço nas negociações. Trump disse, mais de uma vez, que as negociações comerciais estavam indo bem.
Nick Twidale, analista da Rakuten Securities citado pela agência Reuters, diz que a decisão de Trump “tem o potencial de ser um verdadeiro fator de mudança” no ânimo dos mercados.
“Ainda há uma questão de saber se este é uma das famosas táticas de negociação de Trump ou se vamos ver um aumento drástico nas tarifas”, afirma Twidale. “Se for o último, nós veremos uma pressão enorme de queda em todos os mercados”.