O novo presidente americano anunciou seu apoio à nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, candidata para ocupar a direção da entidade. Se confirmada, ela marcará um passo importante na história do sistema internacional, transformando-se na primeira mulher e negra a assumir a entidade mais importante do comércio. A nigeriana tinha o apoio de todos os países para dirigir a OMC. Mas, no final de 2020, Trump vetou sua nominação e ampliou a crise na entidade. Na OMC, as decisões são tomadas por consenso e Washington insistia em apoiar a sul-coreana Yoo Myung-hee.
Mas a asiática anunciou na sexta-feira que retirava sua candidatura. Horas depois, Okonjo-Iweala, ex-ministra de Finanças da Nigéria e conhecida por suas campanhas contra a corrupção, ganhou o apoio explícito de Biden. Num comunicado, a Casa Branca expressava “forte apoio à candidatura de Ngozi Okonjo-Iweala”. De acordo com Washington, sua presença trará “conhecimento em diplomacia internacional e em economia, acumulados nos 25 anos no Banco Mundial e como ministra”.
Não há ainda uma data para sua nomeação. Mas, neste sábado, governos europeus insistiram que o processo precisa ser acelerado. Na OMC, a direção explicou à coluna que uma data para sua nomeação já começava a ser discutida e que poderia ser anunciada na segunda-feira. Entre os diplomatas em Genebra, a decisão de Biden surpreendeu pela velocidade. Hoje, a Casa Branca sequer tem ainda seu chefe de negociações comerciais escolhido e a expectativa do restante da comunidade internacional era de que o impasse seria mantido por meses.
A sinalização de Biden também deu esperança nas entidades internacionais de que a nova administração americana irá, de fato, focar suas energias em reconstruir o multilateralismo, sob ataque durante os anos Trump. Além de destravar a OMC, o novo presidente americano já voltou a aderir ao Acordo de Paris, à aliança de vacinas (Covax) e OMS.
Brasileiro de saída – Em seu novo cargo, a nigeriana assumirá uma entidade abalada por uma crise inédita, com seus tribunais desmontados e uma guerra comercial entre chineses e americanos. O impasse ainda foi aprofundado depois que o brasileiro Roberto Azevêdo optou deixar o cargo de diretor da OMC, faltando um ano para o fim de seu mandato. Ele argumentou que queria abrir espaço para que o processo de escolha da nova direção fosse menos turbulento, o que não ocorreu. O brasileiro, um dia depois de deixar a OMC, assumiu a vice-presidência da PepsiCo.