Independente do Reino Unido desde 1966, Barbados celebrou sua transição da monarquia para o governo republicano nesta terça-feira (30) após quase quatro séculos de sujeição à monarquia britânica. A solenidade contou com a presença do príncipe Charles, filho mais velho de Elizabeth II, e a estrela Rihanna, não foi aberta ao público, apesar da suspensão temporária do toque de recolher imposto devido ao coronavírus para permitir que a população aproveitasse as festividades, que incluíram fogos de artifício em toda a ilha.
A ilha conhecida por suas praias paradisíacas e seu rum terá como chefe de Estado outra mulher, a jurista Sandra Mason, até agora governadora-geral do país, após sua eleição em 21 de outubro. Mason fez o juramento ao cargo à meia-noite de segunda-feira na capital do país, Bridgetown, em uma cerimônia oficial na qual também foi substituído o estandarte real pela bandeira presidencial. “Durante décadas tivemos discursos e debates sobre a transição de Barbados para uma república. Hoje o debate e o discurso viraram ação”, destacou a eleita.
Em um dos primeiros atos da nova república, a primeira-ministra Mia Mottley concedeu a cantora Rihanna o título de heroína nacional por ter levado “imaginação ao mundo (…) e, acima de tudo, por seu extraordinário compromisso com sua terra natal”.
Commonwealth – Barbados continua sendo membro da organização Commonwealth, como observou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em um comunicado na segunda-feira. “Seguiremos amigos e aliados incondicionais, aproveitando as afinidades e conexões duradouras entre nossos povos e o vínculo especial da Commonwealth”, escreveu Johnson.
A passagem ao status republicano coincidiu com o 55º aniversário da independência da ilha caribenha, que foi colônia britânica até 1966. Depois, permaneceu vinculada à Coroa. Após uma saudação de 21 tiros, Mason prestou juramento e garantiu que com essa transição, os barbadianos, cerca de 280 mil habitantes, poderão “aproveitar ao máximo” a essência de sua soberania.
Em seu discurso na Praça dos Heróis Nacionais de Bridgetown, ela afirmou que a ilha agora está definindo sua “bússola em uma nova direção” com base nos “sucessos, triunfos e conquistas” dos últimos 55 anos como um país independente. Mason, que foi premiada com a Ordem da Liberdade de Barbados, também se comprometeu a “avançar com confiança e ousadia para o bem da nação e das gerações presentes e futuras”.
O príncipe Charles disse no evento que a criação desta república representa “um marco no longo caminho” que os barbadianos “não apenas viajaram, mas também construíram”.
Recordando “as atrocidades terríveis da escravidão” durante os tempos coloniais, sublinhou que a população da ilha “abriu o seu caminho com extraordinária força, emancipação, autogoverno e independência”.
A ilha mais oriental do Caribe, 300 km ao leste da Venezuela, tem uma superfície de apenas 430 km². Antes da pandemia de covid-19, mais de hum milhão de turistas visitavam o país por ano, famoso por suas praias paradisíacas e suas águas cristalinas.
Barbados não será a primeira ex-colônia britânica no Caribe a se tornar uma república, uma vez que a Guiana já deu esse passo em 1970, seguida por Trinidad e Tobago, em 1976, e Dominica, em 1978.
O restante das colônias do Reino Unido na região são territórios membros da Comunidade do Caribe (Caribe) e optaram como status a monarquia constitucional, permanecendo como parte da Comunidade das Nações com laços históricos com Londres. Esse status implica que a monarca britânica é a chefe de estado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)