Trata-se de um documento sobre os três princípios, apresentado para a América Latina, em evento em Brasília. Membro da família real, como Khalid bin Khalifa Alkhalifa, e o presidente Jair Bolsonaro participaram da solenidade de lançamento, no Hotel Royal Tulip. O presidente aproveitou a ocasião para anunciar os preparativos para a abertura de uma embaixada brasileira no Bahrein.
O objetivo do lançamento, de acordo com informações divulgadas pela embaixada do Bahrein no Brasil, é promover a paz entre as nações e uma convivência saudável entre povos de diferentes religiões e crenças. “A ignorância é inimiga da paz. Logo, é nosso dever aprender a compartilhar e a vivermos, juntos, pelos princípios da fé, em espírito de amor e respeito mútuo”, diz o rei no texto.
O documento discorre sobre cinco valores, que são fé e expressão religiosa, liberdade de escolha, determinação da vontade de Deus, direitos e deveres religiosos, além de expressão da fé. O texto foi elaborado em 2017 pelo rei do Bahrein. Segundo informações divulgadas pela embaixada, o país árabe coloca o respeito à fé e a outras religiões como direito inalienável do ser humano e rejeita a imposição da observância religiosa.
A declaração repudia o terrorismo, a pregação do ódio e da violência por clérigos extremistas, o incentivo à radicalização, os atentados suicidas, a violência sexual e abuso de mulheres e crianças. “Todo e qualquer indivíduo tem a liberdade de praticar a sua religião, desde que não faça mal ao outro, respeite as leis do país e aceite responsabilidade espiritual e material por suas escolhas”, diz parte do texto do documento.
O documento afirma que todos têm papel ativo na criação de um ambiente inclusivo, que promova a respeito mútuo e a cooperação. A declaração também pede que a fé seja um alicerce para a paz no mundo. Khalid Bin Khalifa Alkhalifa é presidente da delegação de uma iniciativa para a paz do Bahrein, o King Hamad Global Centre for Peaceful Coexistence.
Na opinião do presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, a iniciativa do Bahrein é muito adequada e mostra um movimento pela tolerância. “O fato de terem escolhido o Brasil para lançar a declaração na América Latina também tem simbolismo”, acredita. A seu ver, fazer o lançamento na capital do país, representando os países latino-americanos “significa dar ao Brasil o lugar que é do Brasil”, Hannun lembra que os países árabes vêm conferindo ao país um papel de liderança na região.
Embaixada – Ao abrir uma embaixada em Manama, conforme anúncio do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil passará a ter base diplomática em todos os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês), que são seis. Atualmente já há embaixadas brasileiras nos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Omã, apenas não há no Bahrein. A embaixada na Cidade do Kuwait atualmente responde pelo Bahrein.
Durante o evento de lançamento, as cores da bandeira do Bahrein foram projetadas sobre a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o que foi transmitido ao vivo em um telão. Em sua passagem pela capital federal, o membro da família real Alkhalifa também visita a Igreja Ortodoxa Antioquina de São Jorge e a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida.
Autoridades como o chanceler brasileiro Ernesto Araújo, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro, o ministro do Turismo, Gilson Machado, o secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, e o encarregado de negócios da embaixada do Bahrein em Brasília, Bader Alhelaibi, entre outras lideranças, participaram do prestigiado evento.