“Os dirigentes palestinianos rejeitam o que os Emirados Árabes Unidos fizeram. Trata-se de uma traição a Jerusalém e à causa palestina”, indicou num comunicado a direção palestiniana, apelando para uma “reunião de emergência” da Liga Árabe, para denunciar o acordo apoiado pelos Estados Unidos.
O projeto de normalização das relações entre Israel e as nações do Golfo, como o Bahrein, a Arábia Saudita e os Emirados, é um dos aspetos do plano da administração norte-americana de Donald Trump para o Médio Oriente saudado pelos israelitas, mas rejeitado pelos palestinos.
O plano prevê também a anexação por Israel do vale do Jordão e de colonatos na Cisjordânia, considerados ilegais pela lei internacional.
O Governo de união de Benjamin Netanyahu e do seu ex-rival político Benny Gantz devia anunciar a partir de 01 de julho a estratégia israelita sobre a anexação de partes da Cisjordânia ocupada desde 1967.
No entanto, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, indicou que o estabelecimento de relações diplomáticas plenas entre os dois países terá o efeito de “adiar” os planos israelitas de anexar partes da Cisjordânia ocupada, mas adiantou não ter “desistido” dessa opção.
“A aplicação da soberania (israelita) na Judeia e Samaria (nome bíblico da Cisjordânia) está em cima da mesa, (…) não está anulada”, declarou Netanyahu, num discurso transmitido na televisão.
A Liga Árabe tem sede no Cairo, capital do Egito, um dos dois países árabes que já têm relações diplomáticas com Israel, juntamente com a Jordânia, e cujo Presidente, Abdel Fattah al-Sissi, saudou hoje o acordo entre Abu Dhabi e o Estado hebreu.
O Bahrein foi outro dos países árabes a aplaudir o acordo.
“O reino saúda os esforços diplomáticos desenvolvidos pelos Emirados Árabes Unidos. Esta etapa histórica contribuirá para o reforço da estabilidade e da paz na região”, indicou a agência noticiosa oficial deste pequeno país do Golfo, a Bahrain News Agency (BNA).
Nos últimos anos Israel tem desenvolvido uma cooperação oficiosa com economias regionais, como o Bahrein, os Emirados e a Arábia Saudita, apesar da posição tradicional dos países árabes ser a de fazer depender as relações com o Estado hebreu de um acordo com os palestinos.
“A esquerda israelita e mundial sempre disse não se poder fazer um acordo de paz com os países árabes sem a paz com os palestinos (…). Pela primeira vez na história, Benjamin Netanyahu quebrou esse paradigma”, reagiu hoje o Likud, o partido do primeiro-ministro de Israel.