Por Marting Mbeng, Embaixador de Cameroun e Decano do Grupo de Chefes de Missão Africanos no Brasil
No dia 3 de julho de 2024, por volta das 19h, um grupo de 5 crianças menores, brancas e negras, estava em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. No momento em que acompanhavam seus companheiros até o prédio vizinho, apareceu uma viatura da polícia da cidade do Rio de Janeiro.
Sem motivo aparente, sem antes terem procurado identificar as crianças, os policiais optaram por uma abordagem agressiva, ameaçando com armas, as ÚNICAS CRIANÇAS “ditas” NEGRAS DO GRUPO, em número de três (03), com idade entre 13 e 14 anos.
Estas crianças são filhos de embaixadores e diplomatas residentes em Brasília, nomeadamente o embaixador do Gabão, a embaixadora do Burkina Faso e a Chefe do Gabinete da Embaixada do Canadá.
Estas crianças, confrontadas em um caso claro de racismo, foram abordadas como grandes criminosos ou traficantes, não obstante que nada aparentemente poderia permitir que qualquer suspeita pesasse sobre estas crianças NEGRAS.
Tal situação causou traumas nessas crianças que nunca haviam sido confrontadas com tais situações em toda a sua existência.
Este novo caso de racismo, que se juntam aos do dia a dia, depois das degradantes declarações do deputado Gustavo Gayer, que comparou os negros a macacos desprovidos de reflexão, ou dos repetidos abusos e discriminações sofridas pelos diplomatas africanos nos aeroportos brasileiros, devido à cor da pele, é um ato negativo a mais que deve ser condenado, tal como os perpetradores, severamente punidos.
O Presidente Lula, ao receber o Grupo de Chefes de Missão Africanos em 2023 durante um almoço, insistiu que trabalhará fortemente para combater a discriminação contra os negros no Brasil.
Todavia, e enquanto perdura tal situação que classificamos de primitivo e tentador à Paz Social, o Grupo de Chefes de Missões Diplomáticas Africanas no Brasil protesta vigorosamente contra mais este ato de racismo e apela às Altas Autoridades Brasileiras, para que este novo caso não fique impune.